terça-feira, outubro 31

12

BREVEMENTE NAS BANCAS...


(Os autores da capa que aproveitem para se denunciar...;)

domingo, outubro 29

Angústia










Estar a perder 2-0 no dragão e empatar 2-2 a dez minutos do fim...










E levar o 3-2 no último minuto...










Enfim...


Dói.

segunda-feira, outubro 23

Infanticídio


Ninguém espera que a conversa decorra sem sobressaltos. O aborto é uma cruz assinalada num mapa conceptual que inclui termos e expressões que falam à consciência e apelam aos sentimentos. Assim, para alguns, a coisa "parece ser tão linear como ser-se um assassino ou não". Pior do que assassino, infanticida.
A ambiguidade vocabular dos discursos faz com que se perpetuem certas confusões. No entanto, talvez valha a pena questionar em que instância da estrutura psíquica deve decorrer este debate para que as suas conclusões (ou inconclusões) sejam válidas.
É curioso que, na era do positivismo lógico e tantos séculos depois de Copérnico e Galileu, sejam tão intensas as pressões para transpor o diálogo para a teia das forças pulsionais.

domingo, outubro 22

Sete Teses

«Despenalizar o aborto não representa necessariamente a sua legalização e, muito menos, a respectiva liberalização.
«Despenalizar a interrupção da gravidez significa apenas que, não havendo pena, a mulher deixa de poder ser perseguida pela justiça e acusada em tribunal.
«Legalizar o aborto é outra coisa: significa que ele não é já visto como um crime, como ainda o é hoje. E liberalizar, no sentido corrente que hoje tem neste contexto, significaria que, à semelhança de outras realidades culturais e geográficas, competiria à mulher a última palavra num modelo de prazos e não de indicações que iria até às 24 semanas, ou coisa que o valha.
«Assim, despenalizar a interrupção da gravidez até às 10 semanas significa na prática precisamente o quê?»

Miguel Oliveira Silva, in «Sete Teses Sobre o Aborto»
(I. Despenalizar, legalizar, liberalizar)
O ABORTO tem sido foco de um debate intelectual em que os argumentos utilizados não são, frequentemente, esclarecidos e em que as respostas às perguntas que se colocam não são, por vezes intencionalmente, esclarecedoras. O facto de grande parte dos grupos que actualmente se pronunciam sobre este assunto estarem assentes em alicerces de crenças e convicções, que apelam à consciência e ao sentimento, contribui para esta falta de lucidez generalizada que prevalece na opinião pública.
O livro citado é, sobretudo, elucidativo, informativo, esclarecedor. E é isso que tem estado em falta em muitos centros de debate, quer noutra quer noutras questões. A tese do 5º ano jurídico de Álvaro Cunhal está ainda actualizada em muitos aspectos-chave (demográficos e sociais) - o que denuncia que as coisas pouco mudaram desde 1940, apesar de todo o mundo ser composto de mudança.
Mas, se ainda persiste algum preconceito relativamente a esta obra, por todas as conotações que subjazem ao nome do homem que, há cerca de 66 anos, tentou delinear as Causas e Soluções do ABORTO, recomenda-se a opção por este outro pequeno livro (o Sete Teses), de leitura acessível e rápida, escrito por um obstetra-ginecologista, também licenciado em Filosofia, docente das disciplinas de Ética Médica e Filosofia do Conhecimento na FML e ainda membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. (Caso ainda estejam de pé atrás, é garantido por fontes fidedignas que este senhor até à data não fugiu do Forte de Peniche como o outro.)
Se tiverem dúvidas sobre o assunto, leiam.

sábado, outubro 21

Beautiful Boys

Those, those beautiful boys
Those, those beautiful boys

Born illegitimately
To a whore, most likely
He became an orphan
Oh what a lovely orphan he was
Sent to the reformatory
Ten years old, was his first glory
Got caught stealing from a nun
Now his love story had begun
Thirty years he spent wandering
A devil's child with dove wings
He went to prison
In every country he set foot in
Oh how he loved prison
How awfully lovely was prison

All those beautiful boys
Pimps and queens and criminal queers
All those beautiful boys
Tattoos of ships and tattoos of tears

His greatest love was executed
The pure romance was undisputed
Angelic hoodlums and holy ones
Angelic hoodlums and holy ones

All those beautiful boys
Pimps and queens and criminal queers
All those beautiful boys
Tattoos of ships and tattoos of tears

CocoRosie, in «Noah's Ark»

terça-feira, outubro 10

Um conceito em risco

Parques Naturais. Alguns insurgem-se contra o conceito. Dizem-nos "parques contra pessoas" para mascarar a causa financeira com os motivos cor-de-rosa de um humanismo inventado à pressa. Terra-mundo. Nosso? Deles?

«Na maioria dos casos, um parque nacional é um acto marcadamente ambivalente, alimentado por objectivos colectivos: sonhador mas prudente, egoísta mas abnegado, local mas com significado global. Ao contrário de um hino ou de uma bandeira, um parque nacional existe nas dimensões concretas da geografia, da biologia e da economia. E também na dimensão do simbolismo. Tem habitantes vivos e fronteiras físicas. Tem vantagens e custos. Tem amigos e, por vezes, inimigos. Tem uma aura de permanência sagrada por ser um local que a sociedade escolheu reservar e proteger para sempre.

Mas quanto tempo dura "para sempre"?»


Esta é a introdução de um ensaio da National Geographic - Portugal de Outubro de 2006, intitulada "O FUTURO DOS PARQUES", escrito por David Quammen. Um nariz-de-palhaço distingue os defensores da civilização oponente a qualquer causa natural que se atravesse no que se pensa ser o caminho do progresso humano daqueles que julgam possível essa mesma civilização com um carácter de respeito pela Natureza. Digo: "É possível", madeireiro troglodita que no documentário sobre desflorestação enfeita de argumentos humanos a devastação que vai provocando. "Olhe só a quantidade de emprego que eu dou a esta gente!"_ diz o senhor. As multinacionais com fábricas na Índia dizem o mesmo, e nem por isso deixam de explorar as crianças como mão-de-obra para coser bolas de futebol. Não é a mesma questão, mas toca no mesmo princípio: não olhar a meios para atingir os fins. E não me digam que é pelas pessoas que vivem desse negócio. Porque elas só sobrevivem.

domingo, outubro 8

Antevisão Urbanua

14 de Outubro de 2003
a cor da sombra das pálpebras denuncia. avenida de roma. procuro fixar cada ponto revelador no rosto dos transeuntes. aquele homem que está à porta da loja de tecidos ainda não se conformou com a aterradora descoberta da inutilidade da união matrimonial. está desiludido. finge-se zangado. ou talvez seja solteiro.
para sobreviver nas cidades é necessário assumir a solidão das multidões. nem toda a gente sabe de que é que está à espera. nem toda a gente espera por alguma coisa.
eu estou à tua espera.

sábado, outubro 7

Cordas em camadas

O trocadilho do " looping and layering violin " estará no Clube LUA, dia 15 de Outbro.

Isto é que se diz por aí:

"Owen Pallett has been noted for his live performances, wherein he plays the violin into a sampler controlled by foot pedals, which then loops back one or more of the previously played musical phrases as he plays additional parts simultaneously."

_e não é mentira nenhuma.

Para quem não o apanhou no Suoeste deste ano, tem agora a oportunidade de o ouvir.
E atrevo-me a dizer que o sítio é idealmente recatado, como pede a familiardade do som.

segunda-feira, outubro 2

Sérgio Godinho: O Sobrevivente

o cantautor de abril regressa este mês com novo álbum de originais, após um interregno de 6 anos durante o qual editou 3 discos comemorativos dos seus 30 anos de carreira. a canção às vezes o amor é o primeiro avanço deste trabalho ainda sem título conhecido, que, a julgar pela amostra, parece ser um retorno às origens, mais artesanal e intimista do que os álbuns que o precederam ('lupa', de 2000, e 'domingo no mundo', de 1997), em que o experimentalismo era a nota dominante. com 61 anos e 16 (quase 17) álbuns de originais editados, sérgio godinho é uma referência incontornável da música portuguesa, e possivelmente o único cantor de intervenção que, juntamente com josé afonso, sobreviveu à passagem do tempo.