quarta-feira, janeiro 31

ao fim e ao cabo...

...a grande porra para os partidários do não é que o feto depende mesmo do beneplácito da mãe para poder estar onde está. existirá alguma situação comparável a esta na esfera da vida humana?

terça-feira, janeiro 30

Referendo

Teve hoje início o período oficial de campanha do referendo sobre a despenalização do aborto. Apesar disso debates e sessões de esclarecimento têm sido múltiplas. Os argumentos estão gastos e os ânimos exaltados. Não tenho vontade de discutir, pelo menos por agora, as minhas convicções. Limito-me a dizer que esta situação devia ter ficado resolvida aquando da resposta de Natália Correia (transcrita abaixo), em 1982, ao deputado do CDS, João Morgado, que disse em Assembleia da República: "O acto sexual é para ter filhos".
Palavras para quê?

Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;

e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão de
que o viril instrumento
só usou - parca ração! - uma vez.

E se a função faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

Natália Correia - 3 de Abril de 1982

quinta-feira, janeiro 18

The highest treason in the USA is to say Americans are not loved, no matter where they are, no matter what they are doing there.

As pistolas carregadas fazem bem a toda a gente excepto às populações prisionais e de asilos psiquiátricos.
é isso mesmo.
é inflacionário gastar milhões com a saúde pública.
É isso mesmo.
As ditaduras de direita estão muito mais próximas dos ideais americanos que as ditauras de esquerda.
É isso mesmo.
Quanto mais mísseis com bombas de hidrogénio tivermos, todos prontos para disparar a qualquer momento, mais segura estará a humanidade e melhor será o mundo que os nossos netos herdarão.
é isso mesmo.
Os resíduos industriais, especialmente os que são radioactivos, quase nunca fazem mal a ninguém, portanto devíamos todos parar de falar neles.
É isso mesmo.
As indústrias deveriam poder fazer o que quisessem: subornar, destruir o meio ambiente só um bocadinho, consertar preços, lixar os clientes estúpidos, acabar com a competição e saquear o Tesouro quando falirem.
É isso mesmo.
é isso a livre iniciativa.
E é isso mesmo.
Os pobres fizeram algo de seriamente errado, porque senão não seriam pobres, por isso os filhos deles devem sofrer as consequências.
É isso mesmo.
Não se pode esperar dos Estados Unidos da América que olhe pelos seus.
é isso mesmo.
O mercado livre é um sistema automático de justiça.
é isso mesmo.
Estou a brincar.

E se por acaso forem pessoas educadas e pensantes, não serão bem-vindos em Washington D.C. Eu conheço alguns miúdos espertos do sétimo ano que não seriam bem-vindos em Washington, D.C. Lembram-se daqueles médicos há uns tempos atrás que se reuniram e disseram que era um facto médico simples e evidente que nunca sobreviveríamos a um ataque, mesmo que moderado, de bombas de hidrogénio? Eles não foram bem-vindos a Washington, D.C.


in UM HOMEM SEM PÁTRIA - Memórias da América de Geroge W. Bush, por Kurt Vonnegut

terça-feira, janeiro 16

SOCIALISMO p'ró buraco!

é só um desabafo..

a EUROPA está prestes a capitular e a abrir mão dos direitos sociais arduamente conquistados ao longo do século passado. o estado-providência já não tem lugar no mundo actual - os estados, demitindo-se de quaisquer responsabilidades sócio-económicas para com os seus povos, parecem apenas servir para concessionar serviços públicos a empresas privadas, e fazer a guerra nos intervalos. a sociedade já não é pensada como um todo, já não se põe a tónica na coesão social, mas antes se retorna paulatinamente a um sistema em que impera a 'lei do mais forte', o 'cada um por si'. e viveremos de costas cada vez mais voltadas, mas sempre espreitando por cima do ombro, desconfiados, paranóicos, mesmo. a nossa vida acabará por não ter mais sentido do que tem para o espermatozóide a corrida desenfreada que o leva ao óvulo: fugaz, vertiginosa, sob uma competição acérrima e impiedosa, para na esmagadora maioria das vezes não dar em nada. vidas consumidas num fogacho, vidas que alimentam a voracidade insaciável da economia global. e é por isto que a EUROPA sacrifica os seus nobres ideais de fraternidade e solidariedade - pela avidez do resto do mundo, que nada percebe, nada entende, para o qual todas as coisas se avaliam em termos de lucro ou prejuízo. que virá a seguir? talvez os direitos humanos..

e pronto, foi só um desabafo..

com algum sono à mistura..

ya think they'll screw it again?

descobri isto por acaso. sim, é redutor e falacioso. sim, pertence a um site estadunidense ultraconservador e, portanto, faccioso. mas tem piada! muita, mesmo.

(ideal para oferecer a camaradas que ainda hoje recordam com saudade e uma lágrima ao canto do olho a união das repúblicas socialistas soviéticas, e mais ainda àqueles que vêem em nações como a coreia do norte e o irão baluartes da liberdade, paz e democracia!)

Vamos lá então juntos recitar

Rendido às maravilhas do iPod e de poder ouvir música nos caminhos introspectivos casa-faculdade-casa, dei por mim a balançar-me ligeiramente, a conter a vontade de dançar e a apetecer-me começar uma Revolução no meio da linha amarela. Muito obrigado ao Adolfo Luxúria Canibal, que, num mundo eu mandasse, tinha os poemas nos livros de português, ao lado dos do JP Simões.


Vamos lá então juntos recitar
Este belo acordo que nos vai ligar
Juro pela vida nunca me trair
Juro pela vida sempre resistir
Juro pela vida nunca obedecer
A qualquer vontade fora do meu ser
Juro pela vida sempre acreditar
No poder sagrado que nos faz amar
Juro pela vida sempre contrapor
O valor da festa contra o tédio em vigor
Juro pela vida todo me entregar
À paixão do jogo do corpo e do criar
Radical radical radical
Hei-de ser no agir no pensar
Só na luta há festa só na luta há gozo
Para ter um destino aventuroso
Eis o Graal nosso Graal

O mundo é nosso vamos a ele

O mundo é nosso não há que ter medo

O mundo é nosso vamos com ele brincar




Mão Morta - Gumes (Nus)

quarta-feira, janeiro 10

Talento vs Aprendizagem

Pode uma pessoa com talento criar algo excelente à primeira tentativa?

Pode alguém sem talento aprender a criar algo de realmente bom?

Deve ser uma das questões mais antigas, e cuja resposta nunca será verdadeiramente encontrada...

Pessoalmente acho que é impossível fazer o que quer que seja sem aprendizagem. Mas, claro, sem talento essa aprendizagem dificilmente será rápida, e dificilmente vai criar algo de verdadeiramente original!

Mas com base na minha experiência pessoal, diria que a aprendizagem é mais importante que o talento.
Tenho um talento mínimo para o desenho, no entanto tendo praticado extensivamente (copiei os desenhos destes senhores no manual do velhinho Warcraft II) consigo hoje desenhar com um nível muito satisfatoriamente razoável.

Como nota final deste post vagamente aleatório e vazio de conteúdo, deixo este link para quem quiser aprender:
Art Tutorials

domingo, janeiro 7

A minha primeira reunião e o Lille - Benfica

Continuando o "Memorial para um Movimento", mas sem poemas do Ginsberg, cá vai a minha primeira reunião.
Um belo dia o Hugo, naquele estilo calmo de quem tanto pode anunciar que vamos pegar em armas e ocupar o Parlamento ou então ir só dar uma volta ao Bairro, perguntou-me se queria ficar a tomar conta do Des1biga com ele. Eu disse que "Sim", sem saber no que me estava a meter. Para ser sincero, até tinha lido poucas coisas da revista. Às vezes penso que esta minha confiança no Hugo um dia em pode mesmo meter numa situação com metralhadoras.
Chegado o dia da reunião, foi diferente do que é hoje. As pessoas não se conheciam. Só uma fumava. O Hugo decidiu fazer um charro (que, para nosso embaraço, ficou só entre nós. Se bem que fumar na faculdade sabe sempre melhor).
Entretanto, e para não variar, a minha cabeça estava noutro lado. No lado do Benfica. E, segundo consta, não palrei acerca de outra coisa. Geralmente as pessoas queixam-se do mesmo, portanto não tiveram tratamento especial.
Mas, a pouco e pouco, as coisas foram-se revelando. Um texto brutal do Gonçalo e a Ritinha, do seu canto, a chamar "Madeixas do Bicho" a uma secção, com os imediatos aplausos da menina que fumava. E, devagar, as coisas a organizarem-se. Uma secção onde só três pessoas quiseram participar. A primeira entrevista de esquerda (a mais à direita até agora) e então até à próxima.
Cheguei a casa e vi, nervosíssimo, o meu Benfica. O que vale é que isto de ser clubista é uma cruz tão grande que já me habituei a dar más notícias. Não, o Benfica não fez uma exibição memorável. Nem ganhou. Empatou a zero num dos piores jogos que me lembro do meu clube. Ficámos obrigados a ganhar ao todo poderoso Manchester United em casa. Enfim, toda uma depressão. Portanto, não vou fazer nenhuma analogia entre o jogo e a reunião.
Quando o jogo acabou, o Hugo passou lá por casa. E enquanto falávamos de política, ele grita-me do computador:
Foda-se! Escreveram uma acta da reunião!

E não é que o Benfica, quinze dias depois, ganhava 2-1 ao Manchester?

sábado, janeiro 6

Sociedade Portuguesa de Pneumologia


Não tem nenhum erro científico, mas vá, tem a sua piada.

quarta-feira, janeiro 3

Clinical Pearls.1

quem se entregar à deleitosa leitura da obra imortal de miller guerra, o compêndio de semiologia do sistema nervoso, deparará, a páginas tantas, com uma inestimável pérola clínica que será útil ter presente durante a observação da mímica facial do doente, no contexto da avaliação do VII par craniano. diz o autor:

"Os movimentos emocionais (sorriso, riso, choro), podem ser observados eventualmente no decurso da conversa com o doente. É muito frequente, sobretudo as mulheres, sorrirem depois de assobiar."

(realce meu. já aquela vírgula entre o sujeito e o predicado, na primeira frase, deve ser atribuída ao insigne professor..)