domingo, abril 26

Rachel Getting Married



Vi este filme sem grandes expectativas.

Inicialmente pensava que era uma comédia romântica e pu-lo imediatamente de parte, mas depois várias pessoas disseram-me que não era bem assim, e por isso lá o vi.

É bom ver filmes sem expectativas.

Porque não estamos preparados, não temos preconceitos, não podemos levantar barreiras emocionais porque não sabemos o que lá vem. E acho que isso é preciso para ver este filme.

Muito basicamente, Kym (Anne Hathaway) passou os últimos 10 anos dentro e fora de reabilitação de toxicodependência, mas no dia do casamento da sua irmã Rachel ( Rosemarie DeWitt) regressa como enfant terrible que é, para revolver um pouco as coisas.

Desta premissa poder-se-ia esperar uma comédia, mas o filme é tudo menos uma comédia.

Mas também não é um filme de acção, nem um filme de aventuras, nem de ficção científica, nem de nada desse género. É um filme de personagens e de relações entre personagens. Por isso se não são capazes de tolerar um filme inteiro só com pessoas a falarem umas com as outras (às vezes a gritar e a chorar) este filme não é para vocês.

Para as 5 pessoas que ainda me estão a ler, e que têm alguma sensibilidade no que toca à condição humana e a filmes bons, deixem-me dizer-vos que este filme é uma bomba. É um murro no estômago emocional.

As relações entre Kym e o Pai (Bill Irwin), Kym e a Irmã Rachel, Kym e a sua Mãe (Debra Winger) são altamente carregadas, com multifacetadas e com vários níveis.

O filme consegue transmitir o impacto do regresso da irmã toxicodependente a um ambiente familiar que se esforça por a acolher, sem saber bem como, e como ela se tenta adaptar, sem saber bem como.
Mostra como a irmã "boa" que sempre foi posta de lado em detrimento dos problemas da irmã, se revolta por querer que o seu dia de casamento seja só para si.
Mostra um pai devastado pelo distanciamento dos filhos, que não sabe bem como lidar com isso.
Mostra uma mãe que se afastou pela morte do filho (eu falei em distanciamento, incluindo isto, mas não digo mais) e que já não se sabe relacionar com as filhas.
Mostra, sobretudo relações de amor deturpadas por anos de culpas e dores infligidas mais ou menos propositadamente.

É muito intenso.

Anne Hathaway tem uma interpretação fortíssima, extremamente credível, e que a distancia completamenta das comédias tolas que caracterizam a sua carreira até agora.

O realizador é Jonathan Demme, que realizou em 1991 The Silence of the Lambs mostra-nos este filme de uma forma intimista. A câmara alterna-se entre uma que segue as personagens por cima do ombro delas, que simplesmente as persegue pela casa, como se não houvesse grande guião a ser seguido, e as filmagens amadoras que os vários convivas fazem durante o casamento.
Tudo isto se conjuga para nos inserir dentro do filme, dentro daquela casa e daquela família, mas nunca como membro, apenas como observador externo.
Tornamo-nos voyeurs desta família disfuncional.

E há momentos, discussões, cenas que estão de tal maneira bem escritas, bem interpretadas e bem filmadas, que sentimos constrangimento por estarmos a ver coisas tão íntimas, como se não devêssemos ali estar, como se devêssemos sair e dar privacidade para que aquelas pessoas pudessem falar sobre a dor e raiva entre elas.

Um filme que passa despercebido entre os Óscares e os Blockbusters de verão.

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quinta-feira, abril 16

Seven Pounds



Seven Pounds é um filme normal.

É giro, está bem feito, tem poucos defeitos, mas não por aí além nada de especial.

Tem uma estrutura desconexa e só à medida que o filme progride é que nos aprecebemos das motivações e segredos da personagem principal. Nada de novo aqui

Essa, Ben Thomas (Will Smith) é um agente do IRS que sai do seu caminho para testar e ajudar estranhos, aparentemente por nenhuma causa explícita.

Obviamente que há uma explicação lógica para isto tudo, mas não vou estragar o filme.

O ponto forte do filme são as interpretações: Will Smith dá uma interpretação muito forte, muito intensa, capaz de mostrar muitas nuances.

Rosario Dawson é a outra estrela do filme, e está tão bem como sempre.

De notar ainda aparições de Barry Pepper e Woody Harrelson.

É giro, vale a pena ver, mas não fiquem à espera de nada transcendente.

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segunda-feira, abril 13

Moon

Isto parece bom...

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sábado, abril 11

The Curious Case of Benjamin Button



Tenho de admitir que este filme me surpreendeu.

Para variar hoje começo com o trailer. Vejam-no, e já explico porque é que fiquei surpreendido.

Ou não o vejam, e vejam o filme sem saberem nada sobre ele, que é muito melhor.



Mas eu vi o trailer no cinema, e quando o vi pensei "Raios, está ali o filme todo!! Estão as cenas todas, o enredo todo! Já não preciso de ver o filme, basta-me o trailer!"

Porque realmente o filme é basicamente a personagem do Benjamin Button (Brad Pitt) que nasce velho e cresce rejuvenescendo. Ao mesmo tempo a personagem de Daisy (Cate Blanchett) envelhece normalmente, e eles só se conseguem realmente amar um ao outro quando as idades um do outro estão razoavelmente equivalentes.

E pronto... Parece que é só isto, não vale a pena ver o filme, porque está tudo no trailer.

Mas NÃO!!!!

O filme é muito bom, mesmo muito bom!

Porque realmente o filme é basicamente aquilo.

Mas está tão cheio de pormenores, sub-enredos, personagens secundárias riquíssimas, sequências cinematográficas que são autênticas pérolas, que o filme se torna muito muito mais do que parece ser no trailer.

Achei o filme invulgarmente satisfatório!!! Dá gosto ver o filme! Acaba-se o filme com a sensação de se ter comido uma boa refeição, muito completa.

Para além da coisa da personagem principal envelhecer rejuvenescendo, o filme tem um formato muito reminiscente do Forrest Gump (1994), na medida em que Benjamin vai saltando de aventura em aventura, de uma forma quase passiva, e absorvendo tudo o que se passa à volta dele, conhecendo várias pessoas e vivendo várias histórias. Também à semelhança de Forrest Gump há os desencontros com o interesse romântico (em Forrest Gump era a Jenny, aqui é a Daisy).

O fim do filme é razoavelmente surpreendente e previsível ao mesmo tempo, mas também profundamente satisfatório.

O que é surpreendente é que o filme tenha sido realizado por David Fincher, que já realizou filmes como Se7en (1995), Fight Club (1999) e Zodiac (2007), filmes, todos eles, física e emocionalmente violentos, coisa que The Curious Case Of Benjamin Button não é definitivamente.

A fotografia do filme é muito boa, e completamente adequada à história que conta. É exclusivamente composta de tons quentes, tendo o Director de Fotografia mesmo usado filtros para retirar todos os tons de verde ou azul às imagens.

A música é sublime, vagamente etérea e fantasista, composta por Alexandre Desplat.

Vale realmente a pena ver o filme!!!

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quinta-feira, abril 9

Dr. Horrible's Sing-Along Blog - Take 2

Há quase 1 ano (em Julho de 2008) fiz um post acerca de uma coisa que depois desapareceu e provavelmente ninguém viu. Entretanto os felizes utilizadores do Youtube deram-se ao trabalho de pôr a obra integral na internet.
Por isso volto a repetir o meu posto, com agora os vídeos daquilo a que me referia.

Take it away:



Não sei se já ouviram falar do nome Joss Whedon, mas é possível que sim. Escreveu episódios para a Buffy, escreveu a série de televisão Firefly, o filme que se lhe seguiu, Serenity, bem como a banda desenhada Astonishing X-Men.
Por isso se conhecem algumas destas coisas são capazes de apreciar a fixeza deste senhor.

O mais recente projecto dele é o Dr. Horrible's Sing-Along Blog.



É uma comédia musical acerca de um super-vilão de trazer por casa, e dos seus planos para tentar governar o mundo, derrotar a sua némesis e meter conversa com a rapariga simpática do laundromat da esquina.
É absolutamente alucinado e brilhante!!!

Para além disso, tem o fantástico Nathan Fillion, o Neil Patrick Harris e a Felicia Day. Todos eles actores de culto de várias séries e filmes.

Mas mais do que isso, é aquilo que este filme prova.

Este musical em 3 actos, foi escrito, produzido, realizado e montado durante a recente Greve dos Guionistas de Hollywood.
Joss Whedon fê-lo para provar que era possível criar um filme com muito pouco dinheiro, muitos poucos meios, fora do sistema dos estúdios, e ainda assim fazer um filme profissional, exibi-lo a um grande número de pessoas e, talvez, ainda ganhar dinheiro com ele.
Se estes objectivos forem cumpridos, então uma grande vitória contra o sistema dos estúdios será ganha, e o cinema independente terá ganho mais força!











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Il Deserto Dei Tartari




Il Deserto dei Tartari de 1976 é um filme realizado por Valerio Zurlini, uma produção francesa-italiana-alemã, baseada no romance homónimo de Dino Buzzati.

Tem um cast de estrelas, entre as quais Jacques Perrin, Philippe Noiret e Max Von Sydow.

Para começar, é um filme franco-italiano, dos anos 70, por isso é grande e chato, tal como a maioria dos filmes franco-italianos dos anos 70.

É extremamente lento, muito contemplativo, com pouquíssima acção e diálogos minimalistas.

Então porque é que este filme é bom (arriscar-me-ia a dizer muito bom) ou no mínimo, digno de nota?

Bem, a sinopse: O Tenente Drogo, recém formado pela escola de oficiais, é enviado por engano para o Forte de Bastiano, uma fortaleza numa das fronteiras mais remotas do Império, rodeada de deserto e montanhas. O objectivo desta fortaleza avançada é ser o primeiro bastião de resistência e alerta para quando o Inimigo do Norte vier.

Drogo chega ao Forte de Bastiano, e encontra uma colecção alargada de soldados e oficiais, todos eles altamente hierarquizados e militarizados, cuja função é, e sempre foi, esperar pelo Inimigo.

Os seus dias passam-se em exercícios militares, jantares entre outros oficiais, isolado de todo o mundo no forte de fronteira, à espera do Inimigo.
Todos eles à espera do dia em que o Inimigo decida atacar.

O filme é brilhante em vários aspectos.

Primeiro; na atmosfera que consegue criar. Filmado no Irão, a paisagem que rodeia o Forte Bastiano é desoladora e completamente inóspita, transmitindo verdadeiramente uma sensação de isolamento. Depois o próprio Forte Bastiano é um forte de tijolos, lama e terra, monocromático, com os interiores esquálidos e vazios, paredes vazias, corredores vazios, quartos minimamente mobilados, verdadeiramente opressivos. Para além disso, há referências constantes ao Inimigo que está à espreita e pode atacar a qualquer momento. É pervasiva durante o filme todo uma sensação de paranóia e antecipação, que passado algum tempo se torna completamente cansativa, e que contribui para a sensação geral do filme.

Segundo; as relações entre Drogo e os outros oficiais estão extremamente bem conseguidas, com diálogos minimalistas e representações fortíssimas que conseguem transmitir toda uma gama de emoções extremamente fortes (raiva, desespero, tristeza, frustração e até loucura) oprimidos pelo sistema militar imposto.

Terceiro; o filme é uma ode anti-militarista. Partindo da ideia brilhante de nunca identificar a que exército ou nacionalidade pertence a companhia de Drogo, ou sequer a nomear o país em que estão ou a nacionalidade do Inimigo, o filme deixa bem claro que esta é a unidade militar para representar todas as outras unidades militares, que este Forte Bastiano é todos os fortes do mundo. E depois mostra como estes oficiais e soldados passam a sua vida inteira (a história do filme desenrola-se durante várias dezenas de anos) em exercícios militares completamente inúteis, na espera interminável de um Inimigo que poderá vir. O filme consegue transmitir realmente a inutilidade militar.

Quarto: Drogo inicialmente quer sair do Forte Bastiano, arranja uma justificação médica, mas por não a conseguir entregar no momento oportuno, não consegue abandonar o Forte, e acaba por passar lá várias décadas da sua vida. É claro que Drogo não gosta do Forte, não gosta de estar lá à espera do Inimigo. No entanto depois de tantos anos, tanta vida sacrificada, tantos anos desperdiçados, a vinda do Inimigo é a única coisa que pode justificar a sua vida.
O ataque do Inimigo é a única coisa que pode salvar a vida de Drogo, é a única justificação possível para ele poder estar em paz com uma vida no Forte Bastiano. Por isso a partir de determinada altura Drogo já não quer sair do Forte Bastiano, e deseja ardentemente o ataque do Inimigo, pois essa é a sua única salvação.

É um filme opressivo, porque conseguimos sentir o desespero de Drogo em querer justificar a sua vida, em querer que ela não seja um completo desperdício, conseguimos sentir a importância do ataque do Inimigo.
O filme é muito pesado, e as interpretações, o cenário e a própria duração do filme contribuem excelentemente para isso.

Se conseguem tolerar 140 minutos de filme minimalista, é definitivamente um filme a ver.

O trailer é em italiano, e, como todos os trailers dos anos 70 (sobretudo os europeus) bem mauzinho. Para além disso está em italiano e sem legendas, mas é o melhor que se arranja, por isso não se queixem.



De fazer notar ainda, que a banda sonora do filme foi escrita pelo grande Ennio Morricone, e consegue ser absolutamente assombrante.

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terça-feira, abril 7

Milk



Harvey Milk é um homossexual (gay, larilas, bicha, panilas, paneleiro, rabeta, panisgas, pandula, um empurra-cócós) que se mete na política para defender os direitos dos homossexuais e é assassinado no fim.

Basicamente o filme é isto.

Mas NãO!!!!!

O filme consegue ser tão, mas tão mais do que isto!!!!!!!!

Realizado como uma mistura de bio-pic e documentário (a inserção de fotos e excertos noticiários da época está extremamente bem feita, não parecem inserts e integram-se fluidamente com o resto do filme) Milk (realizado por Gus Van Sant, consegue ser muito mais do que um biopic político, ou do que um filme sobre direitos dos homossexuais.

Isso deve-se sobretudo à interpretação de Sean Penn da personagem principal, Harvey Milk. Sean Penn, definitivamente numa das interpretações da sua vida, consegue tornar encarnar a personagem de uma forma soberba, tornando-a absolutamente credível.
Não cai em exageros, não cai em maneirismos ridículos, nem por outro lado tenta esconder ou diminuir as atitudes mais femininas da sua personagem. Consegue um equilíbrio perfeito que mostra na realidade que um homossexual é só mais uma pessoa normal.

O filme retrata os últimos 8 anos da vida de Harvey Milk, desde que este chega a São Francisco e é eleito para a Câmara Municipal, segue as suas campanhas, as vitórias, as derrotas, os activismos, mas também as suas relações interpessoais, as suas relações amorosas, as suas maquinações políticas.

Tudo isto ajuda a criar uma personagem inescapavelmente humana, sem nada de teatral ou cinematográfico. Definitivamente uma das melhores interpretações que já vi.

O filme aborda não só o assunto dos direitos dos homossexuais, mas também as manipulações e jogos políticos inerentes a qualquer tipo de campanha e as vidas concretas das pessoas que são levadas nessa corrente.

As personagens secundárias são excelentes, e apesar de no final de conta cada uma delas ter pouco tempo de ecran, todas elas são memoráveis.

De notar James Franco, que também faz uma interpretação fantástica.

O filme é incrivelmente rápido, cheíssimo de informação, e com um ritmo alucinante (algo muito incomum a Gus Van Sant), conseguindo apesar do volume de acontecimentos manter-se dentro das duas horas de filme.

De notar também a personagem interpretada por Josh Brolin, outro membro da câmara municipal, que acaba por desenvolver uma estranha relação com Harvey Milk.

Finalmente o filme consegue captar o sentimento de revolução que se vivia em São Francisco nos anos 70. A fotografia, os adereços o figurino estão todos maravilhosamente conseguidos!

Finalmente, finalmente, ao contrário do que acontecia com Brokeback Mountain (2005) este é um excelente filme que tem muito mais de bom e especial e diferente, do que ser só sobre homossexualidade.



Ps: se quiserem procurem no youtube os vídeos originais da Anita Bryant. A mulher é assustadora.

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segunda-feira, abril 6

I Said No!

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Doubt




A história passa-se em 1964 no Bronx, numa escola católica. O Padre Flynn decide dar mais apoio ao primeiro e único aluno negro da escola. A Irmã Aloysius crê que o Padre Flynn inicia uma relação "imprópria" com o jovem Donald, e está disposta a tudo para o provar e para expulsar o Padre Flynn da paróquia, e para isso recruta a ajuda da Irmã James para estar atenta a qualquer coisa que se possa passar.

A partir desta, desenrola-se uma história de paranóia, perseguição, ambiguidades e intolerância.

O filme vive das suas personagens e interpretações.

Sem dúvida que Phillip Seymour Hoffman (Padre Flynn) e Meryl Streep (Irmã Aloysius) dão aqui interpretações que vão directamente para o Top 5 de interpretações de qualquer um deles! São eles que movem o filme e o tornam credível.

As duas personagens secundárias, interpretadas por Amy Adams (Irmã James) e Viola Davis (Senhora Miller, mãe de Donald) também fazem o seu papel brilhantemente, apesar de terem menos tempo de ecrãn.

A cinematografia é clássica, sem grandes gimmicks, mas com alguns planos de câmara para o fim que realmente ajudam a contribuir para a atmosfera de tensão e desconfiança.

A fotografia está perfeita, mostrando a escola católica como um lugar escuro, austero, húmido, e também contribui imenso para o ambiente do filme.

De fazer notar que o realizador do filme (John Patrick Shanley) é o mesmo que encenou a peça de teatro, e que isso definitivamente é um grande trunfo para o filme.

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sábado, abril 4

Slumdog Millionaire


Slumdog Millionaire (2008) de Danny Boyle é o primeiro filme desde a Schindler's List (1993) de Steven Spielberg a ganhar os prémios de Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Argumento nos Globos de Ouro, nos BAFTAs e nos Óscares!

Não sei se é assim tão bom quanto a Lista de Schindler, mas é mesmo muito muito bom!

Jamal (Dev Patel, como se isto vos dissesse alguma coisa) é um concorrente na versão Indiana do Quem Quer Ser Milionário e está a acertar em todas as perguntas. Todas.

É prontamente preso por estar a fazer batota, e a história do filme desenrola-se a partir daí.

Com um ritmo extremamente rápido que nunca larga o espectador (à semelhança de Trainspotting 1996) cada pergunta que a polícia obriga Jamal a justificar saber a resposta, abre-se um novo flashback para a sua infância ou adolescência, que explica como ele sabia a resposta à pergunta.

A história segue Jamal, o seu irmão Salim (Maddhur Mittal) e Latika (Freida Pinto), à medida que crescem nos bairros da lata indianos, violentos e brutais, sobretudo para as crianças, se envolvem nos submundos do crime e Jamal persegue o amor da sua vida, Latika.

A história vai alternando entre estes flashbacks e cada pergunta do concurso que o abre, até que as duas linhas temporais se encontram no presente, e a história toma um curso mais linear.

Estar a contar-vos pormenores seria estragar o filme, por isso não o vou fazer.

A fotografia do filme é fantástica, aproveitando ao máximo o espctro de cores e luminosidades extremamente alargado que um cenário como a índia permite.

A banda sonora é excelente, acompanhando a par e passo a pedalada do filme (e nem sequer falta a coreografia bollywoodesca no fim do filme, durante os créditos)

Não é a Lista de Schindler, mas que merece um porradão de prémios, merece!!!

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sexta-feira, abril 3

Kill Bill

Kill Bill, completo, num (1) minuto.

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Me and You and Everyone We Know




Me and You and Everyone We Know é um daqueles filmes que, sobretudo se for visto de surpresa, sem saber o que se está à espera, entranha-se em nós de uma forma incrível.

Deu-me a mesma sensação de intimismo optimista que filmes como Little Miss Sunshine, Juno e até Punch Drunk Love (de uma forma mais surreal) me deram.

É um filme que conta a história de várias personagens (o vendedor de sapatos recém divorciado, os seus dois filhos, uma artista solitária e os idosos a quem dá boleia, etc) e da forma como interagem umas com as outras.
Só que não o faz de uma forma épica ou climáctica, ou com grandes romances e riscos.
Mostra como estas relações humanas de amor ou fragilidade ou intimidade se processam não de uma forma cinematográfica, mas de uma forma dolorosamente humana, credível!
Não há grandes beijos, não há amores à primeira vista, não há vilões, não há heróis.

Todas as personagens são maravilhosamente defeituosas e humanas e credíveis.
É isso que torna o filme tão poderoso, a sua plausibilidade.

Há cenas e situações são são bizarras e surreais, mas isso não quer dizer que não façam sentido ou que não pudessem acontecer. E na maioria das situaçoes só lá estão para demonstrar ainda mais a fragilidade e desconforto que as personagens têm ao interagir umas com as, na sua procura de amor ou amizade, ou simplesmente de contacto humano.

O filme progride de uma forma extremamente calma, saltando sem esforço de personagem para personagem, contando alternadamente a história de cada uma e como elas se cruzam. E consegue fazer isto sem nunca causar confusão ou desligamento das personagens.

A banda sonora é suave e inobtrusiva.

Definitivamente uma pérola que corre o risco de se perder



))<>((

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