domingo, março 22

The Reader



Sinto-me como se tivesse levado um murro no estômago, mas emocional.

Imaginem o Sophie's Choice (1982) combinado com o The Shawshank Redemption (1994) mais o The Bridges of Madison County (1995) e terão uma ideia do peso emocional que este filme consegue ter.

Consegui fazer uma coisa com este filme que adoro fazer, mas que raramente consigo, que foi vê-lo sem expectativa nenhuma. Não tinha visto trailers, não tinha lido sinopses, tinha a vaga ideia de que tinha ganho um ou dois óscares, mas mais nada. Não sabia nada, por isso todo o filme e a sua progressão foi uma surpresa completa.

Apesar de eu querer muito proporcionar isso aos meus leitores, isto não seria uma crítica se eu não falasse do filme. Por isso se estão como eu estava antes de ver o filme (virgenzinho de qualquer informação) vão-se embora ver o filme e depois voltem. Prometo-vos que a experiência é muito melhor assim.



(are they gone yet?)

Pronto, para os que quiseram ficar a sinopse, muito muito abreviada é esta.

Na Alemanha em 1958 um rapaz, Michael Brenner, envolve-se aos 15 anos numa relação apaixonada e fulminante com Hannah Schmitz, que um dia desaparece misteriosamente, deixando o rapaz com o coração irremediavelmente partido.

Michael entra para advocacia, e nos seus últimos anos de formação, vai assistir a um julgamento de crimes de guerra, no qual estão a ser julgadas seis mulheres, ex-guardas das SS, que tinham deixado morrer num celeiro trancado, algumas centenas de mulheres e crianças, prisioneiras judias.
Uma das mulheres em julgamento é, para grande choque de Michael, que rapidamente a reconhece, Hannah.
Ao longo do julgamento Michael não pode intervir (é um mero aluno assistente ao julgamento) apesar de ter provas que diminuiriam a pena de Hannah.

Hannah é sentenciada a prisão perpétua e Michael segue com a sua vida, tentando refazê-la o melhor que pode, entre a descoberta da sua paixão adolescente e os crimes de guerra e prisão a que ela agora está submetida.

Hijinks ensue.

Eu tenho noção de quão pobre esta sinopse é, mas acreditem em mim, contar mais seria estragar tudo!!

O casting está perfeito!!!!!!!! Ralph Fiennes está soberbamente contido e sofrido no seu papel de Michael e Kate Winslet merece definitivamente o seu óscar de melhor actriz pela sua interpretação desgarrada, perdida e perdida entre a culpa e a inocência (?).

O filme é realizado por Stephen Daldry cujo único outro filme sonante é Billy Elliot (2000).

A história progride muito lentamente, muito compassadamente (eu não gostei da primeira metade do filme, porque não percebia para onde raio é que a história se estava a desenrolar) o que pode ser um detrimento para alguns espectadores, mas acreditem em mim, faz todo o sentido.
Tendo em conta o desenrolar da história e as consequências que surgem, o início lento, muito caracterizador das personagens é absolutamente essencial para que depois exista a carga emocional quando as vemos no desenrolar da história.

A fotografia do filme é excelente, alternando entre cores de verão vibrantes e cinzentos de prisão altamente secos e pobres.

Não me lembro da banda sonora, o que quer dizer que fez um bom trabalho!!!

Acaba por ser um filme que só não é convencional pela intensidade e natureza da história, que é invulgar nos tempos que correm.
Não há grande mistério a resolver, não há nenhum crime a desvendar, não há nenhum twist final.
É a história que é sobre estas duas personagens que têm uma relação entre si.

E é lindo.

(vou pôr o trailer, como de costume, mas aconselho-vos a que não o vejam. a sério vejam o filme sem saber nada sobre ele)

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