terça-feira, maio 4

Up In The Air



Eu vi este filme quando ele estreou, com dois amigos meus (Hey Cláudia! Hey Ricardo!), mas por força das circunstâncias (já não me lembro bem quais foram) não escrevi nada na altura, apesar de querer.

Voltei a vê-lo ontem, e por isso...

Up in the Air foi realizado por Jason Reitman, e esteve nomeado para 6 Óscares, entre os quais Melhor Filme, Melhor Realizador, e Melhor Argumento Adaptado.
Poderão lembrar-se de Jason Reitman, porque foi ele que realizou o Juno (2007) e o Thank you for Smoking (2005).
O Up in the Air tem bastante destes dois filmes, se soubermos onde procurar, mas já lá vamos.

Ryan Bingham (George Clooney numa das suas melhores interpretações, o que não é dizer espectacularmente muito, mas pronto...) é um Conselheiro de Transição Ocupacional (é contratado para despedir pessoas), um Orador Motivacional sobre como cortar todas as ligações que nos prendem, e passa grande parte da sua vida em aviões e aeroportos.
O seu maior interesse é acumular Milhas, e o seu maior objectivo é ser a 7ª pessoa a atingir dez milhões de milhas.
Alex (Vera Farmiga) é o seu equivalente feminino e interesse (superficialmente) romântico.
Natalie (Anna Kendrick) é a novata no negócio, que vai aprender uma coisa ou duas.

Há desventuras amorosas, piadas, sexo, muitos despedimentos.

Fim.



Só que não!!!!

É daqueles filmes que se acabasse a 2/3 era uma comédia romântica banal. Nem bem, nem mal feita, só banal.

Mas o filme continua.

É como se de facto fosse uma comédia romântica, mas o realizador decidisse manter as câmaras ligadas mais algum tempo só para ver o que é que acontecia.

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ATENÇÃO! Here be Spoilers!!!
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Ryan Bingham, o homem despegado apaixona-se a sério.

Numa total deconstrução daquilo que metade do filme passou a construir, vemos a personagem cínica a perceber lentamente que não pode realmente passar a vida sozinho.
Vêmo-lo a valorizar as pessoas e os momentos que fazem a vida realmente especial.

Só que por esta altura a comédia romântica já acabou, e à semelhança de outros filmes do Jason Reitman, esta transformação é mostrada sem lamechice, sem exageros. É extremamente subtil, bem narrada e absolutamente credível.

Um filme que parecia não ser nada mais do que banal, subitamente ganha toda uma nova camada de interpretação.

E isso é bom.

Fim




Só que não!!!!

Raios que este filme é bom!!!

Temos Ryan Bingham, ex-tubarão, recentemente transformado num homem novo pelo poder do amor, a ser completamente destruído, a ver as suas esperanças recém-nascidas a morrerem friamente.
A mulher que ele descobriu que amava não o ama a ele. Atinge as dez milhões de milhas que queria, e no entanto esse sucesso só lhe mostra ainda mais quão vazia e desprovida de sentido era a sua vida até esse momento, de maneira que nem sequer pode voltar a ser o que era.

É uma progressão extremamente bem escrita e muito bem contada. Não damos por ela a aproximar-se, de tal maneira que eu passei a primeira metade do filme convencido que era uma comédia romântica banal.

Para além disto temos ainda:

-Sam Elliot e J.K. Simmons, em papéis curtos mas muito memoráveis.
-uma banda sonora excelente, muito à maneira de Juno.
-cenários pornograficamente bonitos
-planos de câmara verdadeiramente belos e bem apanhados

Definitivamente um filme que vale a pena ver.

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