segunda-feira, setembro 18

praxes

Aqui estamos de novo. Novo ano lectivo, novos caloiros e as MESMAS praxes. Pois é, não passará despercebido a quem, pacatamente, se desloque às instalações da FML, que as tão conhecidas praxes decorrem esta semana. De acordo com alguns protagonistas destas andanças “não há mal nenhum”. Um olhar mais atento, no entanto, revela uma realidade bem diferente. Desde indivíduos de cabeça baixa a girar sobre o próprio eixo ao som das gargalhadas de alunos do segundo ano até, acredite-se, meninos de tronco nu a servirem de alvo a iogurte arremessado por meninas pintadas com a média de entrada. 18,63 nas costas de alguém. E agora digam-me, por favor e se forem capazes, se nos devemos incomodar com tudo isto. Em princípio diria que sim, que a dignidade humana seria um valor a preservar. Vi quem tentasse, mas argumentar contra alguém que nos diz “é coacção mas não faz mal” torna-se quase ridículo. Isso e tentar lutar contra uma organização sem chefia, cujos membros surgem do chão como cogumelos. Vestem de preto e são mais que muitos. Os outros, nós, somos poucos e não temos credibilidade.
Quero defender um sim nesta situação mas o que vejo são corpos desprovidos de alma. E queria acreditar que 18,63 conferem inteligência. Mas não. E devo eu querer ajudar quem não se importa de ser praxado? Porque me parece, verdadeiramente, que por muito humilhante que seja, os novos alunos não se importam – até agradecem – por se sentirem membros da “melhor faculdade do país” (segundo as palavras de uma nossa colega). Será que anos de estudo com um – este – objectivo toldam assim o pensamento e os valores das pessoas? Não tenho resposta. Resta-me apelar a todos os que ainda se indignam que nos venham ajudar. Não a tentar que quem quer ser praxado não seja, mas sim, defender os poucos que não querem.
Decepção e uma ideia: experimentem exigir aos novos alunos que participem nas RGAs ou em manifestações estudantis (pode ser que a coacção, que não é má, os motive).

8 comentários:

a 19 setembro, 2006 23:41, Blogger Bernardo disse...

É verdade. Gostei da descrição que fizeste. Sou aluno do 2º ano e tenho vergonha dos meus colegas, com quem me dei bem o ano passado e que agora vejo a fazer isto. Mas já sabia que ia ser assim.
O que é desesperante é ver a falta de sentido crítico e a aceitação. Para o ano serão estes que vemos agora pintados a praxar. Não sei mesmo por onde se deve pegar para mudar esta coisa.
Contudo, estar lá alguém que mostre a outra perspectiva pode mudar aos poucos qualquer coisa, porque provavelmente para o ano os futuros "praxadores" já pensarão um pouco mais (esperemos)...

 
a 19 setembro, 2006 23:46, Blogger Bernardo disse...

é verdade, outra coisa também me põe parvo (quer dizer, na verdade não surpreende nada): são os pais a tirarem fotos aos filhos humilhados e pintados, orgulhosamente.

 
a 20 setembro, 2006 04:10, Anonymous Anónimo disse...

desculpem la mas achei o discurso uma palhaçada. uma praxe hoje ainda dia é uma tradiçao numa faculdade, nao sou da FML mas se acham que ter 18,63 ou tar pintado é uma humilhaçao entao vao ver as praxes das outras faculdades, têm a lusofona ao pe podem ir la ver.
entao e uma praxe pra voçes é darem uma flor uns aos outros e comprimentarem-se e ta feito? a praxe em todo o sitio e assim
para que mudar a "filosofia"?

abraços

 
a 20 setembro, 2006 11:23, Blogger Manuel Neves disse...

Porquê mudar... Bem, porque não considero que uma tradição (uma coisa que se faça há muito tempo) seja forçosamente uma coisa correcta. Logo, isso não é desculpa. (e aliás, as praxes nem sequer são "tradição")
Depois, estou-me a marimbar para a gravidade das praxes. Grave é aceitar-se uma coisa porque até é leve. A mim não me parece nada leve ter que cantar e dançar e ser pintado para ser "integrado". Nunca fiz amigos assim. Os amigos que fiz nunca foi pintado, nem aos saltos, nem a cantar (até porque canto mesmo mal).
"Para quê mudar" ? Pelo cliché: "é possível melhor". Tão simples como isto. Há uma alternativa melhor: podemos conhecer normalmente as pessoas que chegam à faculdade, sem hierarquias, sem piadas sexistas, sem autoridade e humilhação. Então eu quero é isso.

Abraço

PS: "vocês" é sem cedilha. Acontece aos melhores.

 
a 25 setembro, 2006 14:27, Anonymous Anónimo disse...

Se praxes não são tradição, e se o MATA é um Movimento Anti-Tradição Académica, porque estão aqueles gajos a tentar evitar as praxes?

 
a 26 setembro, 2006 23:50, Blogger GUi disse...

porquê ser contra as praxes? acho que basta ter a noção de que há feitios e feitios, e de que aquilo que para uns é folia para outros é humilhação pura e dura. não devemos impor a desconhecidos algo que lhes pode ser penoso, e menos ainda devemos argumentar que o fazemos para bem deles. nas praxes todos deviam poder divertir-se, e temos de compreender que nem toda a gente se entusiasma com a possibilidade de ter de se enrolar em papel higiénico perante os colegas e demais transeuntes. se tem de ser à força é porque não tem piada, é o que eu acho. daí que me seja grata a ideia de um futuro em que a participação nas praxes se faz mediante inscrição prévia - quem quer participa, quem dispensa fica a ver. aliás, nem percebo que os praxistas se oponham a esta sugestão, dado que limpavam o nome com poucas baixas (a fazer fé na alegria extática estampada nas caras da maioria dos caloiros). e tenho dito..

 
a 28 setembro, 2006 14:37, Blogger Hugo Bastos disse...

M.A.T.A significa movimento anti-"tradição académica", com aspas. elas é que dizem tudo.

 
a 05 outubro, 2006 12:50, Anonymous Anónimo disse...

Ou, como antigamente era chamado, MORTE À TRADIÇÃO ACADÉMICA!

Otários!

 

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