quarta-feira, agosto 23

" - Os homens não têm o mínimo jeito para diferençar seja o que for - disse ela.
- Então os psiquiatras?
- Não são meus clientes, não sei. Parto do princípio que não sejam homens. São senhores."
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"O mundo exibia os seus maus exemplos como se fossem bons ou uma espécie de degradação do bem que não resultara como felicidade dos mortais. Sendo assim, as melhores famílias privavam com os seus ladrões e as suas putas tendo, no fundo, a percepção de que eram um excitante das suas vidas recalcadas. Há no triunfo da perversidade alguma coisa de compensador das perplexidades humanas."
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Agustina Bessa-Luís, in «Jóia de Família»

1 comentários:

a 24 agosto, 2006 04:50, Anonymous Anónimo disse...

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Ontem, passei nas ruas como qualquer pessoa.
Olhei para as montras despreocupadamente
E não encontrei amigos com quem falar.
De repente vi que estava triste, mortalmente triste,
Tão triste que me pareceu que me seria impossível viver amanhã,
Não porque morresse ou me matasse,
Mas porque seria impossível viver amanhã e mais nada.

Fumo, sonho, recostado na poltrona.
Dói-me viver como uma posição incómoda.
Deve haver ilhas lá para o sul das coisas onde sofrer seja uma coisa mais suave.
Onde viver custe menos ao pensamento,
E onde a gente possa fechar os olhos e adormecer ao sol
E acordar sem ter que pensar em responsabilidades sociais
Nem no dia do mês ou da semana que é hoje.
Abrigo no peito , como a um inimigo que temo ofender, um coração exageradamente espontâneo
Que sente tudo o que eu sonho como se fosse real,
Que bate com o pé a melodia das canções que o meu pensamento canta,
Canções tristes, como as ruas estreitas quando chove.

Sim o resto parece-se apenas com a vida >>

 

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