terça-feira, outubro 10

Um conceito em risco

Parques Naturais. Alguns insurgem-se contra o conceito. Dizem-nos "parques contra pessoas" para mascarar a causa financeira com os motivos cor-de-rosa de um humanismo inventado à pressa. Terra-mundo. Nosso? Deles?

«Na maioria dos casos, um parque nacional é um acto marcadamente ambivalente, alimentado por objectivos colectivos: sonhador mas prudente, egoísta mas abnegado, local mas com significado global. Ao contrário de um hino ou de uma bandeira, um parque nacional existe nas dimensões concretas da geografia, da biologia e da economia. E também na dimensão do simbolismo. Tem habitantes vivos e fronteiras físicas. Tem vantagens e custos. Tem amigos e, por vezes, inimigos. Tem uma aura de permanência sagrada por ser um local que a sociedade escolheu reservar e proteger para sempre.

Mas quanto tempo dura "para sempre"?»


Esta é a introdução de um ensaio da National Geographic - Portugal de Outubro de 2006, intitulada "O FUTURO DOS PARQUES", escrito por David Quammen. Um nariz-de-palhaço distingue os defensores da civilização oponente a qualquer causa natural que se atravesse no que se pensa ser o caminho do progresso humano daqueles que julgam possível essa mesma civilização com um carácter de respeito pela Natureza. Digo: "É possível", madeireiro troglodita que no documentário sobre desflorestação enfeita de argumentos humanos a devastação que vai provocando. "Olhe só a quantidade de emprego que eu dou a esta gente!"_ diz o senhor. As multinacionais com fábricas na Índia dizem o mesmo, e nem por isso deixam de explorar as crianças como mão-de-obra para coser bolas de futebol. Não é a mesma questão, mas toca no mesmo princípio: não olhar a meios para atingir os fins. E não me digam que é pelas pessoas que vivem desse negócio. Porque elas só sobrevivem.

6 comentários:

a 11 outubro, 2006 01:42, Anonymous Anónimo disse...

Havia uma terra onde eram todos ladrões. À noite todos os habitantes saíam, com as gazuas e a lanterna cega e iam arrombar a casa de um vizinho. Tornvam a casa de madrugada, carregados, e davam com a casa assltada. E assim todos viviam em concórdia e sem dano, porque um roubava o outro, e este um outro ainda e assim por diante, até que se chegava a um último que roubava o primeiro. O comércio naquela terra só se praticava sob a forma de vigarice tanto por parte de quem vendia como por parte de quem comprava. O governo era um bando de criminosos agindo contra os súbditos, e os súbditos por sua vez só se preocupavam em defraudar o governo. Assim a vida prosseguia sem tropeções e não havia ricos nem pobres.
Ora, não se sabe como, aconteceu que na terra se veio a instalar um homem honesto. À noite, em vez de sair com o saco e a laterna, ficava em casa a fumar e a ler romances. Vinham os ladrões, viam a luz acesa e não entravam. Este facto durou pouco tempo: depois tiveram de fazer-lhe compreender que se ele queria viver sem fazer nada isso não era razão para não deixar fazer aos outros! Cada noite que ele passava em casa era uma familia que não comia no dia seguinte!!
A razões destas o homem não podia opor-se. Começou também a sair à noite, mas não ia rooubar. Não havia nada a fazer: era mesmo honesto. Ia até à ponte e ficava a ver a água passar por baixo. Tornava a casa e encontrava-a roubada. Em menos de uma semana o homem honesto viu-se sem tostão, sem comer, e com a casa vazia.
Mas até aqui nada de mal, porque era culpa dele; o problema é que deste seu modo de vida nascia toda uma trapalhada. Porque ele deixava roubar tudo e entretanto não roubava nada a ninguém, assim havia sempre alguém que ao chegar a casa de madrugada a encontrava intacta: a casa que ele deveria ter roubado. O facto é que ao fim de uns tempos os que não eram roubados ficaram mais ricos que os outros, enquanto por outro lado, os que vinham roubar a casa do homem honesto davam com ela sempre vazia e assim iam ficando mais pobres.
Entretanto os que ficaram ricos ganharam também o hábito de irem à noite à ponte, ver a água passar por baixo. Isto aumentou a confusão, porque houve muitos outros que ficaram ricos e muitos outros que ficaram pobres.
Ora os ricos viram que, indo à noite à ponte ao fim de uns tempos ficariam pobres. E pensaram: - Vamos pagar aos pobres para que vão roubar por nossa conta. - Fizeram-se os contratos, estabeleceram-se os salários e as percentagens: naturalmente continuavam a ser ladrões, e tentavam enganar-se uns aos outros. Mas como sempre sucede, os ricos ficavam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
Havia ricos tão ricos que já não precisavam de roubar e mandar roubar para continuarem a ser ricos. Mas se deixassem de roubar ficariam pobres porque os pobres os roubavam. Então pagaram aos mais pobres dos pobres para que defendessem as suas coisas dos outros pobres e assim insituíram a polícia e construiram prisões. Deste modo, logo poucos anos após o acontecimento do homem honesto, já não se falava em roubar nem de ser roubadomas só de ricos ou de pobres. No entanto continuavam a ser todos ladrões.
Honesto só houve esse tal, que morreu de repente, de fome.

 
a 16 outubro, 2006 22:07, Anonymous Anónimo disse...

Moral da história: foderam os comunistas no PREC quando apareceram uns gajos honestos.

 
a 18 outubro, 2006 11:23, Blogger Hugo Bastos disse...

Claro, os gajos honestos que querem acabar com a REN e a RAN para poderem construir resorts de luxo para os amigos relaxarem sem serem incomodados.
Os gajos honestos que completam o poder institucional com acordos com as empresas de construção civil e que enchem os bolsos acabando com as áreas protegidas, as reservas naturais, os parques nacionais, substituindo-os por áreas super-construídas.


Gosto das vossas metáforas que não têm nada a ver com o tema que pretendem metaforizar. É bonito, mas revela alguma estupidez.

 
a 18 outubro, 2006 15:29, Blogger R. disse...

E tentar ver as coisas por um prisma que nao esteja necessariamente do lado politico com que usualmente nos identificamos, pergunto. ]e ou nao ]e obvia a posicao que a humanidade deveria ter relativamente a esta questao, pergunto. ser de esquerda ou direita nao nos obriga a pensar de certa maneira. desamarrem/se e acabam por ser mais livres nas vossas opinioes. porque raio tem de ter sempre uma opiniao negativa quanto a tudo o que aqui se escreve, pergunto, mais uma vez. So se desacreditam, de cada vez que escrevem. sabemos a partida que ]e falacioso, provocatorio e mesquinho o comentario que submetem. que interesse tem ter essa atitude, pergunto. *e desculpem o teclado, que nao ]e portugues

 
a 19 outubro, 2006 01:53, Anonymous Anónimo disse...

So quero sublinhar que o texto acima não se trata de uma metafora mas de um conto, de uma história. Quem quiser dedicar-se à perigosa tarefa de arrancar morais faz o que bem entende e até é da maneira que lança discussão que é o que a gente gosta. Quem quiser dizer alguma coisa qualquer e depois (ou antes) dizer "Moral da História" também está à vontade. Lembrem-se apenas que apesar do cenario Uma Terra Onde Todos São Ladrões ser de facto semelhante a este mundo em que vivemos, o autor não pretendeu metaforizar tema algum, embora para todos efeitos ele acabe por metaforizar tudo aquilo que vocês bem entenderem. A isto me sujeito, consciente de que se a arte não podesse ser (mal ou às vezes bem) interpretada já tinha morrido

 
a 19 outubro, 2006 02:00, Anonymous Anónimo disse...

Outra coisa, eu sei que uma Ovelha Ranhosa não é nome a que se possa associar grande credibilidade, mas credes mesmo que se eu quisesse ter uma opinião qualquer me iria antes dar ao trabalho de a mascarar numa metafora de pagina e meia com pormenores deliciosos como um ladrão pedir explicações ao sr honesto pela sua conduta ou a ideia de que os ricos mesmo ja sendo mais do que suficientemente ricos continuam a explorar os pobres para nao empobrecer (Empobrecer!!!)

Sim, não me dêm credibilidade não quero isso para nada, mas as morais são vossas e só vossas caros meus

 

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