quinta-feira, maio 10

UNICAMENTE POR CAUSA DA DESORDEM CRESCENTE

Unicamente por causa da desordem crescente
Nas nossas cidades com as suas lutas de classes
Alguns de nós nestes anos decidimos
Não mais falar dos grandes portos, da neve nos telhados, das mulheres,
Do perfume das maçãs maduras na despensa, das impressões da carne,
De tudo o que faz o homem redondo e humano, mas
Falar só da desordem
E portanto, ser parciais, secos, enfronhados nos negócios
Da política, e no árido e «indigno» vocabulário
Da economia dialética,
Para que esta terrível pesada promiscuidade
Das quedas da neve (elas não são só frias, nós bem o sabemos),
Da exploração, da tentação da carne e da justiça de classes,
Não nos leve à aceitação deste mundo tão diverso
Nem ao prazer das contradições de uma vida tão sangrenta.

Vocês entendem.

Bertold Brecht

2 comentários:

a 10 maio, 2007 23:18, Anonymous Anónimo disse...

Saudações

Talvez seja interessante explorarem igualmente a vida e obra de Mário Benedetti, jornalista e escritor uruguaio que se diz escritor comprometido, que usa a literatura como arma contra os regimes ditatoriais.

Pedro

 
a 11 julho, 2008 03:54, Blogger bia de barros disse...

É meu poema favorito!

;)

 

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