sábado, dezembro 9

Disparidades

Foi apresentado em Helsínquia, na passada terça-feira, um relatório das Nações Unidas intitulado "Estudo Sobre a Distribuição da Riqueza nas Famílias".

Os números são claros, a nossa percepção é que pode ter dificuldades em registar a obscenidade.

os que estão entre o 1% mais rico (37 milhões de pessoas) possuem 40% de toda a riqueza global,
os 2% mais ricos da população possuem 50%,
os 10% mais ricos, 85%...

já os 50% mais pobres (portanto, mais de 3 mil milhões de pessoas...) possuem 1%.

existem 13 milhões de pessoas no mundo que têm 1 milhão de dólares, 451 mil que têm 10 milhões, 15 mil que têm 100 milhões e 499 que têm 1000 milhões de dólares.

ter 1700 euros em bens (este portátil onde estou a escrever vale isso) equivale a estar entre os 50% mais ricos.

ter 50 mil euros (um T0 usado) coloca o seu dono nos 10% mais ricos.

ter 384 mil euros (um T3 em Telheiras), só para os 1% mais ricos do planeta.


É apenas um retrato estatístico do mundo que temos.

2 comentários:

a 11 dezembro, 2006 23:17, Anonymous Anónimo disse...

Quer dizer que eu faço parte dos 1% mais ricos do planeta? Faço minhas as palavras do gato fedor: "Sinto-me como se tivesse ganho o euromilhões... sem a parte de receber o dinheiro"

Estou a ser injusto, a verdade é que não precisava de ser tão rico (querendo com isto dizer que passava bem com menos dinheiro porque também não sou nenhum dono do ikea) mas o objectivo desse estudo não deve ser fazer-nos sentir culpados e eventualmente provocar a chama da caridade nas mentes mais sensíveis. O que está mal não é ter um T3 em telheiras, nem é ter um barco nem mesmo ter um barco E um apartamento em telheiras. O que está mal é o sistema económico que permite e fomenta o sonho de ter tudo (leia-se (mal) ser rico) - necessariamente à custa de muitos não terem merda nenhuma. É essa a interpretação que deve ser feita e é isso a única coisa que vale realmente a pena mudar

 
a 13 dezembro, 2006 23:47, Blogger Hugo Bastos disse...

O que se passa e é bem conseguido no sketch do gato fedorento é que um europeu de classe média-baixa não se compara em riqueza a um africano ou asiático pobre. A diferença é tão extrema que fica fora da nossa esfera do real. Na televisão, mostram-nos imagens constantes de misérias muito piores que as nossas, ao mesmo tempo que nos vendem o sonho da vida feliz, que atingiremos quando subirmos na vida.
Realmente não há mal nenhum em ter um T3 e um carro, ir ao cinema, escrever em blogs e fazer ressonâncias magnéticas. Para além da "paz, pão, habitação, saúde, educação" que nos garantirão a liberdade a sério, os avanços científico-tecnológicos, que contribuem para tudo o que designamos "conforto", têm de estar ao serviço de todos. o mal não está no sonho em querer viver com um nível de conforto acima do que se têm, embora obviamente seja absurda esta avassaladora tendência consumista, mas sim o de não distribuirmos a riqueza produzida de forma justa. o lucro só se faz às custas da exploração.

 

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