domingo, maio 11

Diary of The Dead

Tenho de admitir, aqui e agora, um vício meu: filmes de zombies.

Sejam eles bons, maus, ou muito muito maus, eu gosto de filmes de zombies! Sei que não é um bom hábito para um crítico de cinema (?) gostar de todos os filmes de um género independentemente de serem bons ou maus, mas eu gosto de todos os filmes de zombies. Regra geral, quanto piores melhor. Mas isso é uma teoria para outro dia qualquer.

O Diary of The Dead do mítico George Romero, é um bom filme de zombies. Eu repito: é um bom filme de zombies.

Posto isto, permitam-me elaborar.
Diary of The Dead tem a história previsível do mundo que fica subitamente invadido de zombies, o grupo previsível de sobreviventes que vai viajando à medida que vão perdendo mais e mais membros do seu grupo, e encontrando outros sobreviventes pelo caminho. As interpretações são previsivelmente mázinhas, e o filme tem todos os sustos previsíveis.
Este filme usa o cada vez mais enjoativamente popular truque de ser todo mostrado através da objectiva de uma câmara que uma das personagens manipula.
É totalmente óbvio nas suas intenções de fazer a nova geração de bloggers e youtubers sentirem-se bem no seu papel de jornalistas de trazer por casa. Para além disso o filme está pejado de pequeninas lições de moral mal disfarçadas que dão a sensação de terem sido inseridas na história com uma mistura de descargo de consciência pela necessidade de as fazer e embaraço por estar a fazê-las.

E eu repito mais uma vez: Diary of The Dead é um bom filme de zombies.
Porque dá aquilo que se espera de um filme de zombies, e, para um público alvo, não há nada mais gratificante do que ver as próprias expectativas atingidas.

E agora vou continuar a escrever. E faço-o com a perfeita consciência de que por esta altura já mais ninguém vai ler nada.

Porque é que os filmes de zombies, especificamente, são tão populares? Porque é que os filmes de zombies aparecem mais do que os filmes de vampiros, lobisomens, múmias ou alienígenas? (digo isto sem ter feito a mais pequena pesquisa, por isso corrijam-me se eu estiver errado).

Eu não sei. (estavam à espera de quê?)

Mas vou tentar adivinhar. (outra vez, estavam à espera de quê?)

Os zombies, classicamente, são monstros mortos-vivos que se mexem devagar e querem comer cérebros (ou só carne humana, no geral).
Porque é que são assustadores? Porque é que são fascinantes?

Uma ideia que me vem à cabeça é que, sendo que as pessoas acreditam em fantasmas ou espíritos porque isso lhes responde ao medo de que a morte será o fim absoluto, então os zombies são uma perversão dessa resposta.
Em vez de morrermos e voltarmos como um espírito flutuante e etéreo, com a desvantagem relativa de ter de assombrar um apartamento T1, corremos o sério risco de nos transformarmos num cadáver em putrefacção, fedorento e com apetite de massa encefálica.

Outro factor, diria eu, é a ideia do canibalismo. Pessoas a comerem pessoas. Está bem que são pessoas mortas, mas a ideia ainda está lá.
Ou então é mais do que isso. Uma vez li um artigo (não me perguntem onde) que afirmava que uma das formas que o homem primitivo teria de lidar com os seus mortos seria comê-los. Quando um austrolopiteco morria, os outros austrolopitecos comiam-no. Afinal, éramos necrófagos, no princípio. Talvez o medo dos zombies surja da reversão dessa ideia enraízada na nossa memória primitiva, de que somos nós que comemos os mortos e não o contrário.
Isto parece estúpido (muito) mas quando vejo quão primitiva e basal é a ideia de pessoas comerem mortos vs. mortos comerem pessoas consigo dar-lhe validade.

Mas, pessoalmente, o que me mete medo nos zombies não é nada disto.
Um gajo meio-mutilado a andar devagarinho contra mim não me mete muito medo.
100 gajos meios-mutilados a andar devagarinho contra mim faz-me perder o controlo dos esfíncteres.
É a noção de números! De que há MUITOS zombies. Centenas, milhares, milhões. Pelo mundo todo. De que por mais que fujamos nunca vamos fugir o suficiente. De que nunca haverá um lugar seguro, porque eles estão em todo o lado. De que eles serão sempre mais do que nós.

De que, pura e simplesmente, não há balas suficientes.



Ps: os melhores filmes de zombies de sempre (alguns dos quais eu planeio abordar aqui, eventualmente):

Night of the Living Dead (1968) - (o primeiro, que me acagaçou totalmente quando eu tinha 11 anos)
http://www.imdb.com/title/tt0063350/

28 Days Later (2002) - não é um filme de zombies, para os puristas
http://www.imdb.com/title/tt0289043/

Shaun of the Dead (2004) - absolutamente genial
http://www.imdb.com/title/tt0365748/

The Walking Dead - não é um filme, mas merece estar aqui
http://en.wikipedia.org/wiki/The_Walking_Dead

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2 comentários:

a 31 dezembro, 2009 18:20, Anonymous Anónimo disse...

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