terça-feira, abril 7

Milk



Harvey Milk é um homossexual (gay, larilas, bicha, panilas, paneleiro, rabeta, panisgas, pandula, um empurra-cócós) que se mete na política para defender os direitos dos homossexuais e é assassinado no fim.

Basicamente o filme é isto.

Mas NãO!!!!!

O filme consegue ser tão, mas tão mais do que isto!!!!!!!!

Realizado como uma mistura de bio-pic e documentário (a inserção de fotos e excertos noticiários da época está extremamente bem feita, não parecem inserts e integram-se fluidamente com o resto do filme) Milk (realizado por Gus Van Sant, consegue ser muito mais do que um biopic político, ou do que um filme sobre direitos dos homossexuais.

Isso deve-se sobretudo à interpretação de Sean Penn da personagem principal, Harvey Milk. Sean Penn, definitivamente numa das interpretações da sua vida, consegue tornar encarnar a personagem de uma forma soberba, tornando-a absolutamente credível.
Não cai em exageros, não cai em maneirismos ridículos, nem por outro lado tenta esconder ou diminuir as atitudes mais femininas da sua personagem. Consegue um equilíbrio perfeito que mostra na realidade que um homossexual é só mais uma pessoa normal.

O filme retrata os últimos 8 anos da vida de Harvey Milk, desde que este chega a São Francisco e é eleito para a Câmara Municipal, segue as suas campanhas, as vitórias, as derrotas, os activismos, mas também as suas relações interpessoais, as suas relações amorosas, as suas maquinações políticas.

Tudo isto ajuda a criar uma personagem inescapavelmente humana, sem nada de teatral ou cinematográfico. Definitivamente uma das melhores interpretações que já vi.

O filme aborda não só o assunto dos direitos dos homossexuais, mas também as manipulações e jogos políticos inerentes a qualquer tipo de campanha e as vidas concretas das pessoas que são levadas nessa corrente.

As personagens secundárias são excelentes, e apesar de no final de conta cada uma delas ter pouco tempo de ecran, todas elas são memoráveis.

De notar James Franco, que também faz uma interpretação fantástica.

O filme é incrivelmente rápido, cheíssimo de informação, e com um ritmo alucinante (algo muito incomum a Gus Van Sant), conseguindo apesar do volume de acontecimentos manter-se dentro das duas horas de filme.

De notar também a personagem interpretada por Josh Brolin, outro membro da câmara municipal, que acaba por desenvolver uma estranha relação com Harvey Milk.

Finalmente o filme consegue captar o sentimento de revolução que se vivia em São Francisco nos anos 70. A fotografia, os adereços o figurino estão todos maravilhosamente conseguidos!

Finalmente, finalmente, ao contrário do que acontecia com Brokeback Mountain (2005) este é um excelente filme que tem muito mais de bom e especial e diferente, do que ser só sobre homossexualidade.



Ps: se quiserem procurem no youtube os vídeos originais da Anita Bryant. A mulher é assustadora.

Etiquetas: , , , ,