terça-feira, janeiro 5

A Idade das Trevas

Como o meu filho ia ter um teste de História, estive a estudar com ele
e a fazer-lhe perguntas. A matéria era relativa à Idade Média. As
classes sociais, o modo de vida de cada uma delas, pronto, esse tipo
de coisas. Foi uma experiência muito engraçada, sobretudo para quem
acompanha jornais e telejornais.

Estava eu a estudar os privilégios da nobreza e dei logo comigo a
pensar que em Portugal , ainda não saímos bem da Idade Média. Na Idade
Média, a mobilidade social era praticamente nula. A nobreza vivia
fechada sobre si própria usufruindo dos seus próprios privilégios.
Relacionavam-se entre si, casavam-se entre si, frequentavam os mesmos
castelos, participavam nas mesmas festas e banquetes, olhando para o
povo do alto dos seus privilégios sociais e económicos.

Ora, se virmos o que se passa em Portugal , temos de chegar à
conclusão que no Estado há décadas dominado pelo PS e pelo PSD, existe
cada vez mais uma feudalização da sociedade assim como uma organização
social cada vez mais endogâmica.

Um bom símbolo da nossa miséria é o casamento entre a filha de Dias
Loureiro, amigo íntimo de Jorge Coelho, e o filho de Ferro Rodrigues,
amigo íntimo de Paulo Pedroso, irmão do advogado que realizou a
estúpida e milionária investigação para o Ministério de Educação e
amigo de Edite Estrela que é prima direita de António José Morais, o
professor de José Sócrates na Independente, cuja biografia foi
apresentada por Dias Loureiro, e que foi assessor de Armando Vara,
licenciado pela Independente, administrador da Caixa Geral de
Depósitos e do BCP, que é amigo íntimo de José Sócrates, líder do
partido ao qual está ligada a magistrada Cândida Almeida, directora do
Departamento Central de Investigação e Acção Penal, que está a
investigar o caso Freeport.


Talvez isto ajude a explicar muito do que se passa com a Justiça, a
Economia, a Educação. Sobre a Educação, a minha área, vale a pena
pensar um bocadinho. Haverá gente em Portugal a beneficiar com a
degradação da escola pública? Outra vez: haverá gente em Portugal a
beneficiar com a degradação da escola pública? Há. Claro que há.

Ora bem, quer entender porquê? E quem são? Quer mesmo? É fácil.
Experimente a sentar-se um pouco com o seu filho a estudar História.


Texto de José Ricardo Costa, professor

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3 comentários:

a 06 janeiro, 2010 23:53, Blogger Sérgio disse...

Qual é o governo que quer governar um povo minimamente culto e politicamente informado???????
Pois sim!!!
É tão fácil e tão bom ter eleitores burros e amorfos que não protestam, não reinvindicam nem reagem. Têm todos o 12ºano mas não sabem quantos é que são 2+2...

 
a 09 janeiro, 2010 03:29, Blogger Gui disse...

O mais perverso é que enquanto o governo Salazarista (e outros que tais) limitavam a educação de uma maneira óbvia e frontalmente chocante, actualmente faz-se a mesma coisa mas com uma máscara de sucesso escolar.

Cada vez mais os critérios para progredir na escola são permissivos, a qualidade real do ensino é cada vez pior, os professores mais mal formados e a estupidificação das massas cresce. No entanto toda a gente tem o 12º ano como convém para não ficarmos atrás da Europa.

 
a 29 outubro, 2010 10:35, Anonymous Anónimo disse...

Chegou-me hoje um texto, este que agora comento, e pensei que deveria estar escrito algures...

Procurei e foi fácil encontrar este blogue.

Gui, parabéns pelo seu comentário.

Depois dele não preciso acrescentar mais...

Ou talvez sim!

É que não é apenas no 12º ano que se verifica essa permissividade... um dia destes teremos Licenciados, Mestres e Doutores IGNORANTES e, pior que isso, ATREVIDOS!

Não desanime pela falta de comentários... afinal só os que sabem ler e escrever comentam... e cada vez há menos pessoas com essas "qualidades"...

 

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