Não da Lua
ou
Small Time Crooks
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« Vivemos numa sociedade promocional. Não que o trânsito de um para outro escalão económico (e de prestigio social) seja efectivamente muito fácil, mas o apelo da publicidade, através de todos os seus veículos, à ascensão hierárquica é constante, é quase a tónica da década de 70. Os anúncios de automóveis, de papel para forrar paredes, de perfumes, disto, daquilo, daqueloutro, dão todos eles à manivela do luxo, da «snobeira», da «classe»... Há lojas que se chamam «Rico», «Aristocrata», «Rubi», etc., etc., e outras surgem, surgirão, que bem poderão chamar-se, se é que não existem, «Categoria», «Nível», «Élite», «Requinte», etc.
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« Subsiste, entretanto, a outra face, não da Lua, mas da cidade, as regueiras da sujeza, os coros da impotência, o corpo-a-corpo, suado e violento, com o quotidiano negativo - e até a abdicação, e as máquinas humanas que, a seu pesar, expelem o homem para a zona zero. »
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Urbano Tavares Rodrigues, «As Eternidades»
in Viagem à União Soviética e Outras Páginas
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