Voz OFF [A Monte]

ou Piquenique de Burguesas
ou « Criminosas? Inadaptadas? Incompreensíveis? »

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[ é curioso, foi preciso o CD parar

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de corropiar no discman

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para eu conseguir escrever ]

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sobre (am)el(i)a

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A descrição que a R. antecipou, quando me deu a ouvir estas

(a)me(l)iguices, foi:

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« - Esta senhora é uma contadora de estórias. »

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É a musa de Cesário Verde, na voz e nos versos. E os versos são dela, de Grabato Dias, Natália Correia, Fernando Pessoa, Hélia Correia, Laurie Anderson, José Saramago, Fausto Bordalo Dias, José Afonso, Sophia de Mello Breyner, José Mário Branco, Carlos Drummond de Andrade e Mário Cesariny. Com ou sem mamundações de Mia Couto ou mnemónicas populares. Para não esquecer que a cultura poruguesa, mais do que uma incursão familiar às grandes superfícies, é uma digressão solitária pelos corredores do Mercado da Ribeira.

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Queria que me instalassem um estéreo FM nos dentes. - Mesmo a prateleira da Body Shop é uma paisagem bucólica, clareada por esse sol fleumático que refulge devagarinho, entorpece as costas e afaga a bochecha.

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« - Minha mãe mandou-me à fonte e eu parti a cantarinha. » - cantava a senhora pequena e corcunda, de caracóis brancos arrebitados.

Minha mãe ensinou-me a beber água da fonte.

Eu aprendi a beber água por canecas de barro tosco, para exumar o gosto-mosto do vinho.

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A Monte (2002)

Amélia Muge (e venham mais cinco)

a monte / a avó tina / o encontro / mamundo / sono de ser / o fado da sereia /

a garra do macaco / a irmandade dos sonhos / se não tenho outra voz /

nem contigo nem sem ti / um outro olhar sobre caxias / por trás daquela janela /

a veste dos fariseus / nª srª da azenha / o inferno de borges /

de passinho / para cinquentões / a monte II

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« sem preocupações de perceber

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onde acaba o artístico e começa o tecnológico.

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sem preocupações de sinalizar heranças culturais ou carimbar

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o que é popular ou não é. »