Austin Powers
Eu nunca tinha visto os filmes do Austin Powers porque achava que não tinham piada. E agora que penso nisso, não me lembro de onde é que tirei esta ideia! Acho que alguém mo disse, e nunca tive vontade de os ver. Etiquetas: Austin Powers, humor, Mike Myers, tarte-na-cara
Recentemente, também não sei porquê, decidi dar-lhes uma oportunidade e vi os três filmes de seguida.
São bons! São muito bons!
Mike Myers que iniciou a sua carreira no Saturday Night Live e que antes destes filmes tinha aparecido no Wayne's World (1992) e Wayne's World 2 (1993) escreveu e protagonizou os três filmes do Austin Powers: Austin Powers: International Man of Mystery (1997), Austin Powers: The Spye Who Shagged Me (1999) e Austin Powers in Goldmember (2002).
Austin Powers é um super espião dos anos 60 que é congelado criogenicamente e descongelado nos anos 90 para combater o seu arqui-inimigo Dr. Evil!
É indecentemente lúbrico, cheio de piadas fáceis e um humor sexual muito pouco subtil, e é por isso que se tem de gostar dele!
Dr. Evil é o génio maligno por excelência, com planos para destruir o mundo, um clone com 1/8 do seu tamanho e um riso maléfico.
São ambos (entre outras personagens) brilhantemente interpretados por Mike Myers.
Os filmes são uma mistura de James Bond com o Hard Day's Night dos Beatles (um filme muito, muito mauzinho, mas indispensável para os fãs da banda).
São uma paródia completa ao estilo exagerado dos anos '60 e '70, copiando as músicas os ambientes e as roupas.
Os filmes são muito coloridos e têm um excelente ritmo. O primeiro filme é um pouco mais lento, ou menos apurado, mas acho que se justifica porque foi uma produção de baixo orçamento. Só com o sucesso é que os seguintes tiveram uma pós-produção mais exigente.
Agora, o mais importante: o humor.
Sim há piadas sexuais fáceis, sim é nojento e óbvio e tolo e exagerado.
Mas não é humor de tarte-na-cara!
Não se enganem
O humor destes filme é só superficialmente tolo. Na minha opinião é extremamente perspicaz e apurado. Passo a explicar:
Uma vez li o Mike Myers a explicar um pouco como ele vê a comédia. Ele dizia que se dissermos uma piada, ela tem piada da primeira vez que a contarmos. Se insistirmos na piada, ela começa a perder piada. Se continuarmos a insistir, então a piada perde totalmente a piada e torna-se embaraçosa, porque toda a gente já parou de rir. Mas se tivermos tomates, e continuarmos a insistir com a mesma piada ainda mais tempo, então ela volta a ter piada! Como que por magia a piada volta a fazer rir. E porquê? (isto já sou eu a teorizar) Porque a piada tornou-se auto-consciente, tornou-se tão óbvia que ficou conspícua e confrangida! Acabamos a rirmo-nos da piada e não com a piada!
O humor de Austin Powers está muito baseado nisto. Situações que são de tal forma exageradas e ridículas que nos rimos da piada e não com a piada.
É um estilo de humor muito exigente, muito difícil de fazer bem, mas Mike Myers consegue-o com uma facilidade tremenda.
Para além disto há pormenores que eu acho que são absolutamente fantásticos. Como no primeiro filme em que cada vez que um capanga anónimo morre, há uma pequena sequência de 30 segundos que mostra a mulher e filhos desse capanga anónimo, ou os amigos desse capanga anónimo. A lição é: até os capangas anónimos são pessoas!
Ou no segundo filme, em que há duas sequências brilhantemente escritas: um objecto com forma de pénis voa pelo céu, e são mostradas as reacções de várias pessoas a isso. No entanto, antes que qualquer uma delas possa dizer "pénis" a cena é cortada e passa para outra pessoa cujo diálogo começa com um sinónimo de pénis, mas descontextualizado de forma a que dê início ao pedacinho de diálogo seguinte!
Só exemplificando:
[Noticing Dr. Evil's spaceship on radar]
Radar Operator: Colonel, you better have a look at this radar.
Colonel: What is it, son?
Radar Operator: I don't know, sir, but it looks like a giant...
Jet Pilot: Dick. Dick, take a look out of starboard.
Co-Pilot: Oh my God, it looks like a huge...
Bird-Watching Woman: Pecker.
Bird-Watching Man: [raising binoculars] Ooh, Where?
Bird-Watching Woman: Over there. What sort of bird is that? Wait, it's not a woodpecker, it looks like someone's...
Army Sergeant: Privates. We have reports of an unidentified flying object. It has a long, smooth shaft, complete with...
Baseball Umpire: Two balls.
[looking up from game]
Baseball Umpire: What is that. It looks just like an enormous...
Chinese Teacher: Wang. pay attention.
Wang: I was distracted by that giant flying...
Musician: Willie.
Willie Nelson: Yeah?
Musician: What's that?
Willie Nelson: [squints] Well, that looks like a huge...
Colonel: Johnson.
Radar Operator: Yes, sir?
Colonel: Get on the horn to British Intelligence and let them know about this.
Ou então no terceiro filme, em que há um agente infiltrado (mole) que tem um enorme sinal (mole) no lábio, e todas as personagens não conseguem olhar fixamente para ele. Isto é explorado e explorado e explorado até se tornar totalmente ridículo!
É delicioso.
Depois outra coisa gira que os filmes têm são os cameos de actores ou pessoas famosas que entram só por acaso. Gente tão famosa como o Tom Cruise ou o Steven Spielberg (no terceiro filme)
Por isso vejam, que vale bem a pena.
Isto se souberem ver para além da crudeza do humor...
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