domingo, junho 8

Little Miss Sunshine

O filme é lindo!!!

Lindo, percebem? é... tão bem feito, tão bem executado!

Em primeiro lugar, não se deixem enganar pelo que vos possam dizer: este filme não é uma comédia. É uma tragédia!

A sério, é um filme trágico!

As personagens são todas tão maravilhosamente e deliciosamente defeituosas! São absolutamente credíveis!

Há o avô (Alan Arkin), que foi expulso do lar de terceira idade por andar a snifar heroína e que dá conselhos de natureza duvidosa (mas terminalmente acertados) aos netos.
Há o pai (Greg Kinnear), que é um autor de um livro de auto-ajuda, que tenta vender, compulsivamente, a sua teoria a toda a gente, que é tão sinceramente bem intencionado na sua disfuncionalidade, que acredita tão genuinamente e tão doentiamente na sua teoria de "vencedores" e "perdedores"
Há a mãe (Toni Colette), que se vê pelos cabelos com toda a família, que tem de ser a rocha, que tem de cer o centro da família, que não pode vacilar!
Há o irmão (Paul Dano), que fez um voto de silêncio, que odeia o mundo todo e que lê demasiado Nietzsche.
Há o tio (Steve Carell), professor de filosofia, que se tentou suicidar porque o seu amante o largou por outro homem.

E depois há a filha (Abigail Breslin), que é, talvez, a única personagem equilibrada do filme, que é bonita e querida e que quer , na sua ingenuidade, entrar num concurso de beleza para crianças, sem saber no que é que se está a meter.

E estas personagens sofrem durante o filme!
Sofrem imenso!
Vêem os seus planos serem destruídos, os seus sonhos serem esmagados, as suas falhas expostas, as suas fraquezas exploradas.
E é tudo tão credível!

E nós estamos lá para ver, e não conseguimos deixar de nos rir de tão ridículo que tudo é, de tão tragicamente cómico que tudo é!

O filme não tenta, uma única vez, ser cómico! Não tenta, não há uma única piada! São só pessoas a serem pessoas, e isso, em si, acaba por ser mais divertido que qualquer tarte-na-cara!

Todas estas pessoas têm de chegar à California, para que a filha possa entrar no concurso. E pelo caminho vão irritar-se umas às outras, vão moer-se, vão chagar-se, vão acabar por ser uma família.

Porque é sobre isso que este filme é. Sobre como pessoas, pessoas reais! conseguem ser uma família, e amarem-se e ajudarem-se!

A escrita está brilhante, as interpretações fantásticas (Steve Carell no papel da sua carreira), o ritmo é perfeito, a edição está linda (nota-se!), as paisagens são maravilhosas.

A música está perfeita! É feita por um grupo chamado Devotchka. Pelo que consegui pesquisar (argh!) são uma banda de indie rock de Denver. Misturam uma data de estilos diferentes, mas a mim soou-me a uma mistura de Sigur Ros com Yann Tiersen.

E, ubíqua no filme, está uma fantástica carrinha VW amarela que é, na minha opinião, a metáfora mais bonita do filme inteiro!



Após mais um bocadinho de pesquisa (argh!) descobri que os realizadores Valerie Faris e Jonathan Dayton são estreantes! Este é o seu primeiro filme! Até aqui foram exclusicamente realizadores de video-clips musicais.
Isto, de alguma forma, não me espanta nada.

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