De Paredes e Flores
«de palavras se adiam (palpam) dorese de paredes se rodeiam flores«de flores se munem as palavrasque içam fogose de muros se alteiamos lugares de amores«de dores se agasalhampalavras como floresque não soltas vãoporque paredes ouvem
«qual de nós de seiva (em sangue)
emparedadas flores.»20/5/71in Novas Cartas Portuguesas
8 comentários:
As flores podiam ser mantidas em estufas frias, onde apenas os selectos as podem apreciar... mas ninguém se atreveria a tocar numa flor imaculada.
Resignando se reforçam pétalas a resina.
Existem realmente pessoas anónimas que por vezes mais valia era estarem caladas e confinarem-se, em resignação e em resinação, à insignificância do seu anonimato...
A questão não é nova e um dos problemas é, precisamente, que continua a velar-se o assunto com metáforas - assim como se continuam a vestir as noivas de branco. Um contra-exemplo:
«As mulheres reclamam o direito ao amor. O movimento feminista no domínio do amor tende, inicialmente, a libertar a mulher do círculo estreito da casa e a aproximá-la efectivamente dos seus direitos e do homem. "Nós, as mulheres - escrevia uma feminista nos princípios do século XX - libertadas dos preconceitos ancestrais, nós que nos recusamos a ver no amor uma nódoa e no sofrimento uma necessidade, nós pretendemos dispor livremente das nossas entranhas, que nos pertencem, não ser mães senão ao nosso gosto, escolhendo nós mesmas o momento oportuno, sem que nenhuma consideração religiosa ou patriótica venha influir sobre a nossa decisão, sem que ninguém tenha que examinar as razões que nos fazem temer ou desejar a concepção. A luberdade da maternidade aparece-nos como a liberdade primordial, sem a qual todas as outras não são mais do que um engano".»
Álvaro Cunhal, in «O Aborto - Causas e Soluções», Campo das Letras, 1997
(tese apresentada em 1940 para exame no 5º ano jurídico da Faculdade de Direito de Lisboa)
:) apesar de não ser comunista, sempre admirei, respeitei e gostei muito do Cunhal... Como já dizia Marcello Caetano, enquanto falava sobre alguns dos seus antigos alunos da Faculdade de Direito da nossa Universidade - Mário Soares é um grande animal político, Freitas do Amaral um excelente académico mas, de todos os alunos que tive, o mais inteligente, sem dúvida, é Álvaro Cunhal...
«(...)The intellectual or logical man, rather than the understanding or observant man, set himself to imagine designs- to dictate purposes to God. Having thus fathomed, to his satisfaction, the intentions of Jehovah, out of these intentions he built his innumerable systems of mind. In the matter of phrenology, for example, we first determined, naturally enough, that it was the design of the Deity that man should eat. We then assigned to man an organ of alimentiveness, and this organ is the scourge with which the Deity compels man, will-I nill-I, into eating. Secondly, having settled it to be God's will that man should continue his species, we discovered an organ of amativeness, forthwith. And so with combativeness, with ideality, with causality, with constructiveness,- so, in short, with every organ, whether representing a propensity, a moral sentiment, or a faculty of the pure intellect. And in these arrangements of the Principia of human action, the Spurzheimites, whether right or wrong, in part, or upon the whole, have but followed, in principle, the footsteps of their predecessors: deducing and establishing every thing from the preconceived destiny of man, and upon the ground of the objects of his Creator.(...)»
E. A. POE ´The Imp of The Perverse´ (1850)
Bela foto, bom momento, bela essência... uma temática sempre aberta e contudo, tão fechada em si própria.
O anonimato protege, mas não esconde.
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