quarta-feira, junho 21

Urbanus I


" era uma cidade de que não me lembro e era na cidade um quarto e era no quarto a noite toda.

É na cidade que existe que existe a cidade que não existe. é na cidade que não existe que nós existimos e nos encontramos porque só nos encontramos não na realidade que temos sim na que acreditamos. porque não somos senão ficção uma miragem na cidade habitada.

a cidade não existia. só ele sabia que era uma miragem sua no deserto.

a sua solidão tem o tamanho da cidade e, como a cidade, não pára de crescer.

dobrava as esquinas adivinhando o sítio onde acabava por nunca te encontrar
(...)
instantâneo: o homem naquela janela e a mulher naquele automóvel: todos os dias nunca se encontram.

1.um dia deixou de habitar a cidade e passou a ser passageiro dela.
2.passava pela cidade como pelo trailer de um filme nunca realizado

roteiro s.m. descrição pormenorizada de uma viagem; itinerário (...) designação brasileira para guião de cinema.
O único roteiro fiel a uma cidade é o acaso."

Nuno Artur Silva

1 comentários:

a 22 junho, 2006 13:43, Anonymous Anónimo disse...

«Ao voltar da viagem, acordei ontem, perturbado.
Sonhava -
No meu sonho vi que a luz subia como uma
planta cujo o nome ignoro mas que se assemelha ao
girassol.
Passaram pelo sonho
numerosas cidades, sem casa,
numerosas casas, sem quarto,
numerosos quartos, sem cama,
numerosas camas, sem sono.»

 

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