segunda-feira, setembro 8

The Royal Tenenbaums

Já falei aqui uma vez acerca dos vegetais de um filme, mas ainda não é hoje que vou explicar o que são.

Há muito tempo eu tinha visto o trailer para este filme na televisão. Acho que uma vez até apanhei algumas cenas do filme quando deu na televisão, mas como não o estava a ver desde o início, desisti de ver até ao fim.

Foi só há alguns meses, já não me lembro exactamente a propósito de quê, que o Pedro (outro escritor aqui do Blog) me relembrou da existência deste filme.

Em primeiro lugar, este filme vale pelos actores e as suas interpretações.

Gene Hackman, Angelica Huston, Ben Stiller, Gwyneth Paltrow, Luke Wilson, Owen Wilson, Bill Murray, Danny Glover!!! Está toda a gente neste filme! (como se não bastasse o prazer imenso que é ver a Angelica Huston a actuar!)

Todos eles dão interpretações apuradíssimas, exremamente credíveis nas suas pequenas idiossincrasias pessoais, sem exageros, sem tentar roubar a atenção do público.

São os actores que fazem o filme funcionar, disso não haja dúvida.

Mas para os actores poderem fazer o filme funcionar, têm de ter a base da história.
E essa é lindíssima!

Royal Tenenbaum (interpretado por Gene Hackman, e sim, Royal é o primeiro nome dele) é o pai da família Tenenbaum, composta pela mãe Etheline Tenenbaum (Angelica Huston) e os três filhos Margot, Chas e Richie (Gwyneth Paltrow, Ben Stiller e Luke Wilson, respectivamente), que foram, os três, crianças prodígio, mas que se desvaneceram ao crescer.

Royal Tenenbaum foi um péssimo marido e um pior pai para os seus filhos. Mas não o fez por mal, a sério.

Quando Sherman (Danny Glover), contabilista de Etheline, lhe propõe casamento e, por uma série de coincidências, todos os três filhos da família Tenenbaum se encontram todos em casa outra vez, Royal decide que é altura de reconstruir a sua família, e "descobre" que está prestes a morrer, sendo o seu último desejo reunir-se com a família.

É uma história sobre pessoas com defeitos, com paranóias, com inseguranças e medos e que cometem erros e magoam outras pessoas. Todas as personagens se magoaram umas às outras de alguma forma, e sobretudo, todas foram magoadas e desiludidas por Royal Tenenbaum.

É do contacto uns com os outros, e com a ajuda indirecta, desastrada, por vezes imprópria, mas ultimamente bem intencionada de Royal Tenenbaum, que estas personagens se vão salvar.
É um filme sobre redenção, na minha opinião.

E isto bastaria para termos um excelente filme.

O que torna este filme tão especial, tão fantástico, na minha opinião, é a forma como está contado.

Wes Anderson tem um estilo extremamente próprio de realizar os seus filmes. Recorrendo frequentemente a grandes planos frontais das suas personagens, a panorâmicas lentas e ângulos bizarros, a alterações de velocidade sem cortes, ele cria uma atmosfera e um ritmo que são extremamente próprios.

A edição também contribui para este efeito. Dividindo o filme em capítulos (com um prólogo, uma introdução de personagens e um epílogo), usando títulos e legendas, fazendo pequenos intervalos para contar pormenores específicos, ou flashbacks para contar episódios da vida das personagens, Wes Anderson consegue introduzir uma quantidade espantosa de informação e ainda assim não apressar o filme, dar-lhe um ar de leveza e calma lindos.

Wes Anderson realizaria três anos depois de a The Royal Tenenbaums (2001), The Life Aquatic (2004), que volta a usar estas ferramentas com o mesmo efeito.

The Royal Tenenbaums é uma pérola de um filme que devem ver se o conseguirem apanhar.
No fim vão sentir-se pessoas melhores.

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3 comentários:

a 09 setembro, 2008 11:44, Blogger C. Figueiredo disse...

Devo ter visto este filme à volta de 20 vezes (e estou a arredondar por baixo).
E isto porque o filme é genial. Sempre que o revia, descobria um novo pormenor que se encaixava no enredo. Cada frase està carregada de sentido. Nada é feito ao acaso. Tudo é logico dentro de toda aquela loucura e psicose. Até o raio dos ratos-dalmata fazem sentido.
Um grande trabalho de Wes Anderson e Owen Wilson.
E nunca pensei vir a gostar com seriedade de um papel do Ben Stiller!

 
a 10 setembro, 2008 00:55, Blogger Gui disse...

Os ratos dálmata estão brilhantes!

Viste o Life Aquatic?

 
a 10 setembro, 2008 16:20, Blogger C. Figueiredo disse...

Sim, também. A primeira vez que o vi fiquei desiludido (nao sei bem porquê, mas parecia-me que a historia era mais fraca, mais desconexa, enfim...). Mas, tal como no caso do Royal Tenenbaums, a historia e as personagens começaram a entranhar-se na minha cabeça quando revi o filme e acabei por achà-lo mais maduro (se bem que o R.T. é uma obra prima dificil de igualar, na minha opiniao).
O Darjeeling Limited pareceu-me ser menos complexo do que os anteriores... Mas ainda nao o revi (pode ser que me surpreenda).
Mas ainda nao apanhei o Rushmore Academy!

(Peço desculpa pela acentuaçao algo caotica, mas estou a escrever num computador francês!)

 

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