domingo, maio 17

The Happening



Foi com grande relutância, numa noite em que não tinha mesmo nada melhor para ver, que finalmente vi o The Happening do Night Shyamalan.

Deixem-me explicar: Eu vi o The Sixth Sense (1999) e fiquei abismado! A história era inteligente, o filme assustador, o twist quase imprevisível! Pensei "ora aqui está um excelente filme!!!".

Depois vi o Unbreakable (2000) e fiquei maravilhado! A história era outra vez inteligente, o filme era carismático, o twist bastante satisfatório! Pensei "ora aqui está um excelente realizador!!!"

Depois saiu o Signs (2002). Fui vê-lo cheio de expectativas e pensei "E pronto, fez merda....". O filme é mesmo muito mau, e estúpido.

Cheio de medo lá fui ver o The Village (2004). Não desgostei, as interpretações era boas, a atmosfera bem criada, mas o twist final já soava a mais do mesmo. Era demasiado igual a si mesmo e começava a cansar. Mesmo assim não desgostei do filme.

Em 2006 sai o Lady in the Water que eu fui ver com esperança que o Shyamalan finalmente se redimisse. Aquilo que descobri foi uma pérola de filme, com uma história muito gira, mas que no final de contas é pouco mais que um conto infantil, e tem de ser visto dessa forma para poder ser apreciado. Caso contrário o filme volta a ser mau.

Por isso quando comecei a ver o The Happening (2008) era sem saber o que esperar. Será que o Shyamalan ia voltar a fazer mais um The Village? Será que ia voltar a ser tão mau como o Signs? Será que por milagre conseguiria voltar aos tempos áureos do Sixth Sense?

Nada disto.

The Happening deve ser um dos filmes de terror mais originais que eu vi nos últimos tempos.
A premissa é simples: e se as plantas subitamente decidissem que não nos querem por cá, e libertassem toxinas para o ar para nos matar?
Como é que fugíamos? Onde é que nos protegíamos?

O filme toma essa premissa, e parte numa progressão lógica (?) de eventos a partir daí, seguindo um casal de sobreviventes à medida que estes se vão apercebendo do que se está a passar e nas estratégias que arranjam para sobreviver.

O que tornou este filme tão interessante para mim foi a ideia de que subitamente, ao ver o filme, dei por mim a olhar para as árvores e plantinhas como os agressores do filme, os elementos dos quais ter medo.
Quando, numa cena, aparecia uma planta, os meus sentidos de espectador de filme arrebitavam-se em antecipação. Como a música do Jaws antes do tubarão aparecer, a visão de uma planta num vaso era o suficiente para criar em mim a expectativa de que algo assustador ou violento ia acontecer.

E quando um realizador consegue fazer com que o seu filme cause este tipo de reacções perante algo tão inofensivo (?) como uma planta, então é porque está a fazer alguma coisa bem!

O que é óptimo, porque o resto do filme não é lá grande coisa. As interpretações são medianas a fracas (gostei do facto de o filme não ter heróis, nem ninguém se comportar como um herói, mas o Mark Whalberg não consegue transmitir a sensação de medo e desorientação que se quereriam da personagem principal), o argumento arrasta-se um bocado em muitas partes do filme, a música é o que se esperaria, para além de ter alguns clichés.

O fim é bom, apesar de não ser exactamente o que se esperaria (ou exactamente o que se esperaria, se o quiserem ver dessa forma).

De qualquer modo, não é um mau filme, mas há coisas melhores para ver.

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