Futebol de rua
"Na primeira parte jogámos a subir, de onde é muito maior o mérito no resultado de 3-1. Tudo se apresentava cor-de-rosa para a segunda metade. E foi: foi uma banhada de quinze ou dezasseis (perdi a conta, o caderninho de capa cinzenta não regista), com os de Montarroio, espumejantes, possesos de raiva seca, tão possessos que de uma feita o pretensamente temível Quilhau, afinal pêra-doce que eu já esperava, quis pregar-me uma rasteira e deu com a pata no meio de dois companheiros, forçando-os a ganir uns bons cinco minutos.
O árbitro, a príncipio bastente caseiro, cedo se rendeu à evidência, mas de tanso que era não fugia a tempo e lá tínhamos nós que driblá-lo também e empurrá-lo para fora do passeio. Às tantas, perdida toda a vergonha, houve um friquique apontado pelo craque a castigar adversa mão, e quem vejo eu na barreira? O árbitro! Fiz que não era nada comigo e acertei-lhe impiedosamente uma bolada no folhelho das tripas."
Fernando Assis Pacheco in Memórias de um Craque (Assírio e Alvim)
1 comentários:
um hat-trick de vocábulos curiosos.
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