sábado, outubro 4

Burn After Reading

Dá sempre gosto ver um filme dos Irmãos Coen.

Joel e Ethan Coen fazem filmes desde 1984, quando se estrearam com Blood Simple (que eu tenho a profunda vergonha de admitir que nunca vi, mas vou já iniciar o processo de o adquirir de uma forma legal).

Desde então não pararam, tendo realizado pérolas como Raising Arizona (1987), Fargo (de 1996, e que os catapultou definitivamente para a fama) e o recente No Country for Old Men (2007) que foi um dos melhores filmes que eu vi em toda a minha vida.

Em todos os filmes dos Coen, que eles mesmos escrevem, é pervasiva uma sensação atenuada de violência.

Seja essa violência física, emocional, humorística ou até mesmo só visual, ela está em todos os filmes dos Coen de uma forma ou de outra. É o estilo deles, é o seu tom.
É desconfortável ver os filmes dos Coen, há sempre algo que não faz todo o sentido, que nos perturba em níveis mais profundos do que aqueles a que temos acesso, de tal maneira que nunca conseguimos pôr o dedo em cima da ferida que o filme arranha.

Burn After Reading não foge a este estilo.

O filme acaba por funcionar como uma comédia, se bem que profundamente negra.

Osbourne Cox (John Malkovich) é um analista da CIA, que é despedido. Sentindo-se injustiçado pelo seu emprego, traído pela mulher (emocional e fisicamente) e descontente com a vida, decide escrever um livro de memórias.

Simultâneamente, a sua mulher Katie Cox (Tilda Swinton), está a traí-lo com Harry Pfarrer (George Clooney) e decide divorciar-se de Osbourne. Para poder sacar-lhe mais dinheiro do divórcio, pega em todos os documentos digitais do marido e leva-os ao seu advogado.

Simultâneamente Linda Litzke (Frances McDormand), uma pacata e pouco inteligente treinadora de um ginásio, decide que precisa de fazer cirurgias plásticas para poder subir na vida (nunca explica como).
Por coincidência, a secretária do advogado de divórcio de Katie, faz exercício no mesmo ginásio, e perde lá o CD com todos os documentos digitais de Osbourne.

Linda descobre lá as memórias de Osbourne, e confunde-as com verdadeira informação classificada da CIA, e recruta a ajuda de Chad Feldheimer (Brad Pitt), para a ajudar a chantagear Osbourne.

Tudo isto se desenrola para aí nos primeiro 45 minutos da história, e só fica mais complicado.

O mais doloroso é que percebemos à partida que nunca, nenhuma parte de todo este plano pode funcionar bem para nenhuma das personagens.

É imediatamente óbvio que vai tudo falhar para toda a gente. E é-nos dado a assistir o desenrolar tragicamente inevitável de toda esta comédia de enganos.

Todas as personagens são fabulosas nas suas mesquinhices, pequenas vilanias e estupidez. As interpretações estão maravilhosas ficando automaticamente nas melhores 5 interpretações de cada um dos actores que as interpretam (exceptuando, possivelmente, John Malkovitch, mas isso só porque ele tem trabalhos AINDA melhores).

Nota especial para Brad Pitt e George Clooney, que interpretam papéis muito diferentes daqueles que costumam interpretar.

A edição do filme está brilhante, bem como a cinematografia.
A história é muito complexa, e quase sem cenas de acção.
Seria extremamente fácil este filme tornar-se aborrecido e confuso, mas os Coen contam-no com mestria.

Uma verdadeira pérola a não perder!

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2 comentários:

a 09 outubro, 2008 23:15, Blogger R. disse...

E ver o Brad Pitt a "imitar" o Joe Black...Uau

 
a 30 outubro, 2008 01:00, Blogger Gui disse...

O Brad Pitt está fantástico!!!
Quase tão bom como o Tom Cruise no Tropic Thunder!

 

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