sábado, outubro 11

Savage Grace

Savage Grace chega-nos pela mão do desconhecido Tom Kalin.

Eu disse desconhecido porque nunca tinha ouvido falar de nenhum dos outros filmes dele, e por isso não vou dizer mais nada dele.

Savage Grace mostra-nos a vida da família Baekeland, herdeira da fortuna da indústria da bakelite.

Brooks Baekeland (interpretado por Stephen Dillane, neto de Leo Baekeland, inventor da bakelite) é frio, obscuro e misterioso.
Barbara Baekeland (Julianne Moore, casada com Brooks) é vivaz, brilhante e subtil. É descrita como sendo uma "artista do subentendido".
Tony Baekeland (Eddie Redmayne, o filho de ambos) é o filho de ambos.

Barbara e Brooks são predadores da selva da alta sociedade. Barbara sobretudo dança nos jogos sociais com violência e elegância.
Nada é o que parece, tudo é indirecto.
Barbara é instável e histriónica, Brooks é inteligente e frio.
Tony cresce neste meio.

O título do filme aplica-se-lhe que nem uma luva.

É, sobretudo, um filme de personagens. Vale por elas e pela sua caracterização.

Eu disse que o filme "mostra-nos a vida" e não "conta-nos a história" porque de facto é isto que acontece.

O filme não tem propriamente uma história. Não tem um enredo, um mistério que se desenvolva, que necessite de narrativa com princípio, meio e fim.
Mostra-nos apenas a vida destas pessoas, dando-nos acesso a episódios do seu dia-a-dia.
Durante a história raramente temos acesso ao mundo interior das personagens, sendo que tudo o que podemos perceber é apreendido indirectamente das suas acções, das suas reacções no dia-a-dia.

Gostei muito deste aspecto do filme. De parecer todo ele indirecto, subentendido, como a vida das personagens.

Contar o desenrolar dos acontecimentos seria estragar a história (claro que basta irem à wikipedia e fazerem um mínimo de pesquisa e ficam logo a perceber tudo) por isso digo-vos apenas que este foi um dos filmes mais emocionalmente violentos que vi em toda a minha vida.

Finalmente, a fotografia do filme é excelente.
Passando por vários locais, como Nova Iorque, Paris e Cadaqués, a luz muda várias vezes, e é sempre linda.

Um filme a não perder!

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