domingo, outubro 19

Tokyo Godfathers

O Anime sofre ainda, acho eu, o estigma de ser "desenhos animados".

As pessoas pensam em animação e lembram-se imediatamente dos filmes infantis da Disney, ou, pior ainda (para reforçar o estigma) os filmes de animação japonesa com robots gigantes ou colegiais com super-poderes.

Na realidade, o cinema de animação é muito, muito mais que isso.

Já uma vez escrevi aqui uma crítica acerca de um filme de Anime chamado Porco Rosso, do fantástico Hayao Miyazaki. Mas esse era, admitidamente, um filme para crianças.

Tokyo Godfathers não tem esse intuito. Acaba por ser um filme cómico, mas poderia perfeitamente bem ter sido feito por actores normais.

O filme conta-nos a história de três sem-abrigos, um velho, um travesti, e uma rapariga fugida de casa, que na véspera de Natal encontram num contentor de lixo, um bébé abandonado.
Há medida que tentam encontrar os pais da criança, para os convencerem a ficar com ela, cada uma das três personagens vai acabar por resolver alguns dos seus problemas pessoais que os levaram a viver nas ruas.

É realizado por Satoshi Kon, que também já tinha feito o segmento Magnetic Rose, no filme Memories, e o Paprika sobre o qual eu já tinha escrito!

O que é preciso compreender acerca dos filmes japoneses, é quão europeus são.
Ou seja.
Os filmes europeus têm toda uma textura, um sabor diferente!
Em termos cinematográficos isto significa que no geral têm um ritmo, uma estética de câmara e histórias de foco diferentes, mais cuidados, mais sensíveis, mais ao pormenor.

Os filmes japoneses, no geral, aproximam-se mais dos filmes europeus e do que dos americanos, em termos de ritmo e de foco, mas retêm alguma da estética dos filmes americanos.

Isto significa que a história dos três sem abrigo a encontrarem um bébé, que nas mãos dos americanos se tornaria uma comédia de slapstick, que nas mãos dos europeus se tornaria um drama introspectivo, nas mãos dos japoneses se torna numa mistura agradável das duas coisas

O filme é surpreendentemente complexo, mais profundo do que à primeira vista se pudesse prever, cheio de violência emocional (sempre muito presente na animação japonesa) e com uma atenção aos pormenores extremamente sensível.

Visualmente o filme está excelente, com uma caracterização das personagens algo simples (mas não cartoonesca), e cenários e ambientes lindíssimos.

Vale realmente a pena ver, nem que não seja para destruir um pouco o estigma de que filmes de animação são "desenhos animados".
Não são.
Se forem bem feitos podem ser muito mais do que isso!

(ignorem a lamechice do trailer)

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1 comentários:

a 25 outubro, 2008 13:32, Anonymous Anónimo disse...

concordo!

 

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