quinta-feira, outubro 25

Do Debate à Chico-Esperteza

Constrange-me que certos temas sejam tratados assim. Com um tom de voz elevado e enraivecido, porque estão em causa os conceitos de "público" e "privado". Não era de rebuçados que falávamos. A minha mãe foi para a costura aos 11 anos, não pôde estudar para enfermeira porque o meu avô não tinha dinheiro e até hoje não se cala com isso. E, curiosamente, hoje estamos na mesma. São tantas as ideias que se amachucam que não entendo como alguém pode querer pôr a escola à venda, ou sequer tolerar essa ideia. Que nos lixem os órgãos superiores, é uma coisa. Que nos deixemos chicotear por vaidade ideológica ou "ingenuidade política"...

quinta-feira, outubro 18

Porque o que é demais é moléstia..

..Cavaco Silva, na qualidade de Presidente da República, disse envergonhar-se "um pouco" da posição ocupada por Portugal em estatísticas do Eurostat recentemente divulgadas pelo INE, segundo as quais o nosso país figura entre os 10 membros da União Europeia com maior taxa de risco de pobreza, estando 20% da população nacional (2 milhões de pessoas!) em risco de se tornarem pobres. Um pobre, na UE, é um cidadão cujos rendimentos não atingem 60% do valor mediano do vencimento dos seus compatriotas, pelo que se trata de uma definição indexada ao nível de vida de cada país. Ora, também esse facto não constitui propriamente uma boa notícia para Portugal, visto sermos, dos países da Europa Ocidental, aquele que tem o nível de vida mais baixo...mas de longe! E como cereja em cima do bolo, temos ainda direito a sermos o país da União onde é maior o fosso entre pobres e ricos. Mas o panorama consegue tornar-se verdadeiramente desolador quando nos é dito que a solução desta crise passará necessariamente por uma maior formação e qualificação da população portuguesa..a mesma que apresenta uma taxa de abandono escolar de 40%! Em suma, acho que, como Cavaco, também eu sinto vergonha desta situação..um pouco, isto é.

segunda-feira, outubro 15

Todos ao Parque das Nações!

Videoclip do Juba

quarta-feira, outubro 10

Substrução

A construção nunca seria um pretexto para a renunciar à subversão. A subversão sozinha dá só em fogo de palha, dados históricos e heróis, mas não deixa resultados concretos. Construção e subversão, isoladamente, são meras formas de acordo tácito ou colaboração escancarada com a Máquina.

in bolo'bolo, por PM

domingo, outubro 7

Cena da Vida dos Antílopes


"Em África há muitos antílopes. São animais encantadores e de corrida veloz.
Os habitantes de África são os homens pretos, mas há também homens brancos, que estão de passagem, vêm para fazer negócios e precisam da ajuda dos pretos. Mas os pretos gostam mais de dançar do que de construir estradas ou caminhos de ferro, que é trabalho duríssimo para eles e que muitas vezes lhes causa a morte.
Quando os brancos chegam, muitas vezes os pretos fogem. Os brancos lançam-lhes os laço e apanham-nos, e os pretos são obrigados a fazer o caminho de ferro ou a estrada. Os brancos chamam-lhes "trabalhadores voluntários".
Aqueles que não podem ser apanhados porque estão longe e o laço é curto, ou porque correm depressa, são atacados a tiro, e por isso é que às vezes uma bala perdida na montanha mata um pobre antílope que estava a dormir.
Então é a uma alegria para os brancos, e para os pretos também, porque normalmente os pretos estão muito mal alimentados, e toda a gente desce para a aldeia a gritar "Matámos um antílope" — e a tocar muita música.
Os homens pretos batem em tambores e ateiam grandes fogueiras, os homens brancos vêem-nos dançar e no dia seguinte escrevem aos amigos: "Houve um grande tantã, correu muito bem!".
Lá em cima, na montanha, os pais e companheiros do antílope olham uns para os outros em silêncio: sentem que aconteceu qualquer coisa...
... Põe-se o sol e cada um dos animais perguntam a si mesmo, sem se atrever a erguer a voz para não preocupar os outros: "Onde terá ido ele? Disse que voltava para jantar às nove!".
Um dos antílopes, imóvel em cima de um rochedo, contempla a aldeia, lá muito longe e muito em baixo, no vale, uma aldeiazinha tão pequena mas com muita luz e cantorias e gritos... uma fogueira de alegria.
Uma fogueira de alegria entre os homens; o antílope compreendeu. Sai do rochedo e vai ter com os outros: "Já não vale a pena esperar, podemos jantar sem ele...".
Então todos os outros antílopes vão para a mesa, mas ninguém tem fome.
Que triste refeição."

Jacques Prévert, in "histórias para meninos sem juízo" teorema, 1998

imagem de Elsa Henriquez

segunda-feira, outubro 1

Médicos Pela Escolha

Parece que a MPE tem um site novo em preparação:

http://www.medicospelaescolha.pt/