Sopa Branca
- De Pessoa, há uma fotografia, do ano da sua morte, que me vem perseguindo. Matar-se já não é um gesto irrepetível, individual (dirigido contra si próprio). O suicídio começa a ser colectivo, nosso contemporâneo.
- Os pobre-diabos deste mundo (e os donos deles sentam-se ao lado uns dos outros, à nossa vista) só têm uma solução: organizar-se inteligentemente. Ou morrem. Agradeço ao escritor norte-americano Jack London (aventureiro e suicida) o cão de trenó que me deu. É infalível. Quando há uma fenda (neste mundo gelado) estaca, eu aproximo-me dele para ver o que há, e ficamos os dois ali a pensar na rota e na puta da vida.
A vida está com os cornos desembolados; enquanto grandes toureiros a enfrentam, na arena, eu, na fasquia, observo como ela marra. Quero aprender, com eles, a voltear bem a capa, ou a colhida é certa.
Sebastião Alba, in Albas
"NA FACULDADE DE MEDICINA - Foi um verdadeiro acontecimento mundano o Baile realizado na Associação Académica da Faculdade de Medicina."
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Come a papa
Joana come a papa
Come a papa
Joana come a papa
Joana come a papa
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Um, dois, três
vejam só o que ele fez
quatro, cinco, seis
agarrou nos seus fiéis
e disse: "quem abortar não escapa!"
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Come a papa
Joana come a papa
Come a papa
Joana come a papa
Joana come a papa
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sete, oito, nove
"e sempre que o sémen chove
dez, onze, doze
o homem que repouse
e a mulher que faça a papa"
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Come a papa
Joana come a papa
Come a papa
Joana come a papa
Joana come a papa
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Come o Papa
Joana come o Papa
Come o Papa
Joana come o Papa
Joana come o Papa
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treze, catorze e meio
não há cruz que ponha freio
dezasseis, dezassete
ao aborto da Suzete,da Joana e da Urraca
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Come o Papa
Joana come o Papa
Come o Papa
Joana come o Papa
Joana come o Papa
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Um, dois, três
uma mulher de cada vez
quatro, cinco, seis
pôs na voz mil decibéis
e mandou calar o Papa
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Come o Papa
Joana come o Papa
Come o Papa
Joana come o Papa
Joana come o Papa
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sete, oito, nove
quando nada se resolve
dez, onze, doze
à espera que a mosca pouse
tem de se mudar o mapa
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Come o Papa
Joana come o Papa
Come o Papa
Joana come o Papa
Joana come o Papa
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treze, catorze e meio
hipocrisia é tão feio
dezasseis, dezassete
é incrível se se mete
a mandar em mim o Papa
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Come o Papa
Joana come o Papa
Come o Papa
Joana come o Papa
Joana come o Papa
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Vota sim
Joana vota sim
Vota sim
Joana vota sim
Joana vota sim
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letra: diana c/ pedro e zbm
vozes: pedro e diana
guitarra: pedro
piano: oboé
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http://www.myspace.com/sethmaldito/
Um dos argumentos mais fantásticos do "não" é o facto do Sistema Nacional de Saúde não ter dinheiro e/ou meios para levar a cabo as IVGs, caso o "Sim" ganhe dia 11 de Fevereiro.
Bom, para já importa explicar que o aborto é médico até às 9 semanas. Ou seja, faz-se uma Ecografia, dão-se comprimidos e uma semana depois volta a fazer-se uma Eco. Entre as 9 e as 10 semanas é médico - cirúrgico, o que significa que além de comprimidos é necessária uma pequena cirurgia, que não necessita de internamento.
Ora, se o SNS não pode realizar estes procedimentos, temos que pensar no que acontecerá às mulheres. Não abortando nos hospitais e não abortando clandestinamente, resta-lhes seguir a gravidez. O que, obviamente, obriga a seguimento por consultas com análises e ecografias. No parto, há inclusive um internamento.
É exactamente o mesmo número de mulheres. Logo, se não há dinheiro para as mulheres realizarem abortos até às 10 semanas, também não há para prosseguir as mesmíssimas gravidezes. E então, além do aborto clandestino, o "não" acaba de inaugurar as gravidezes não-seguidas e, pasmem-se, o parto clandestino.