Eden Lake
Etiquetas: Eden Lake, James Watkins, Kelly Reilly, Michael Fassbender
Eu gosto de filmes de terror.
Mesmo dos maus.
Às vezes sobretudo dos maus!!!
Isto porquê?
Porque os filmes de terror dividem-se em 77% de filmes de terror que não assustam, que estão basicamente mal feitos e que são só medíocres em todos os aspectos, 20% de filmes incrivelmente maus, mas tão maus, que voltam a ser bons, e uns pequenos 3% que são bons filmes de terror.
Esta pequeníssima fracção de filmes de terror bons faz com que o apreciador de filmes de terror tenha de gostar dos filmes de terror muito maus, caso contrário era um frustrado do caraças.
Raramente, deparo-me com um filme que cai nestes 3%.
Ainda não foi desta vez! Mas raios se não esteve muito perto!
Só digo que não foi desta vez porque Eden Lake não cai exactamente dentro daquilo que se categoriza como filme de terror, acho eu.
É mais um thriller... ou coisa do género. Não sei, mas não o consigo ver exactamente como filme de terror..
De qualquer modo!
James Watkins, na sua estreia como realizador, safa-se incrivelmente bem com Eden Lake, sobretudo se tivermos em conta que também o escreveu.
Um casal, Jenny (Kelly Reilly) e Steve (Michael Fassbender), vão passar o fim de semana a um lago que vai ser destruído para lhe construírem um condomínio fechado em cima (ou à volta, não percebi bem). Lá chegados, começam a ser importunados por um gang local, que se torna progressivamente mais violento, e é tudo muito divertido até que alguém acaba morto. Depois o resto do filme é uma longa e tortuosa perseguição.
Se isto vos parece familiar, é porque é. É a premissa de dezenas de filmes de terror que já viram antes.
MAS!
Este filme é britânico, e os ingleses têm feito boas coisas no terror ultimamente (The Descent, 2005). Se tivesse sido feito por americanos seria, certamente, muito diferente.
Assim sendo, e como é, o filme consegue ser brutal.
Em todos os sentidos, mas sobretudo fisicamente.
O filme é violento! Muito violento!!! Não há por aí além sangue a espirrar, nem grandes cenas de pancadaria, mas a violência que é mostrada é crua, explícita e sobretudo credível.
Não cai em exageros que a poderiam tornar estilizada, mas também não se coíbe de a mostrar.
Houve cenas que me deixaram genuinamente agoniado (!).
Mas sobretudo há violência emocional.
O gang de adolescentes que persegue o casal é frio e infantil na sua agressividade. A perseguição é longa e cansativa. Não conseguimos não nos identificar com a personagem principal (extremamente bem interpretada por Kelly Reilly) à medida que lhe vão acontecendo as coisas mais escabrosas!
Não há aqui cenas de cair-na-lama-e-voltar-a-levantar-se-com-o-penteado-bem-arranjado! Não, as personagens ficam sujas, rotas, enlameadas, ensanguentadas! A filmagem deve ter sido um horror para os actores.
Só vendo para perceber do que estou a falar.
Imaginem este filme como sendo uma parte Deliverance, uma parte Clockwork Orange e uma parte Funny Games.
Não é que seja um filme de terror, mas é um filme muito muito assustador.