"Flexigurança"
Está ali, simplesmente à mão de semear de todos os que vagueiam pelos corredores entrelaçados, obscuros e incompreensíveis do hospital. Está ali, ninguém sabe muito bem porquê. Está ali porque os cérebros carcomidos pela disputa da sua própria exterminação mantêm algo de ingénuo e único. Surgem processos criativos – junções de ideias – a um ritmo inconstante, ora demente ora orgásmico, para morrerem antes de chegar ao mar como o rio de são Pedro de Moel. São esboços dos esgares das almas perdidas que se misturam com as da sua origem, os mortos e as angústias de um terreno permanentemente mutilado. Será do nosso olhar que nasce esta sede? Voltas e mais voltas, fica tudo no mesmo. Voltas e mais voltas, fica tudo, mesmo mesmo tudo assim, estático, como se o que se tivesse passado fora apenas um retrato de um louco – como se esses houvessem! – e de nós resta-nos o passar por ali, onde o mundo acaba e começa, onde as paredes são escuras… Vêem? É assim que acontece. No curto-circuito - da auto percepção das redes que atravessam corpos calosos, hipocampos e interligam hemisférios - que se dá naquele ponto preciso do nosso córtex pré-frontal, nasce a imagem de que também pudemos escrever. Na orgia dos nossos corpos enfastiados, das nossas mãos desengonçadas, da nossa boca empastada com tanto empastamento, dos nossos olhos cegos e das nossas pernas e genitais o horror de se atingir o âmago do vazio, ficamos assim, parados a olhar o vácuo e outras vezes com a caneta na mão, a escrever.
A fazer a tabuada, um dia, descobriste a resposta para todos os problemas da vida.
Já no final de um discurso extremamente
"(...)Quando vocês me conheceram eu não dava sequer por vós, meio assustado ainda com a vida... Agora já muito pouco me assusta, ia dizer quase nada. Por isso abro mais vezes os olhos para vós e chego a pensar que me escutam. Foi tudo tão rápido embora eu goste de velocidades!!! E no meio de duas pessoas que se encontram como no meio de alguém que se encontra a si próprio há sempre um espaço qualquer que nem por poder ser muito pequeno deixa por isso de ser muito importante. Tão importante que se não existisse não havia o Mundo. Tenho pena de vos deixar assim... Mas não é o hesitar que faz o êxito. E muito menos o ser de tão longe. tenho-vos sempre na lembrança."
para o Diogo,