terça-feira, maio 29

Where the hell is Matt? - alteração

Bom, afinal o ministro da silly dance vai estar na Praça do Comércio, dia 7 de Junho, às 17h.

:)

domingo, maio 27

Where the hell is Matt?

Ele dança, ou movimenta-se, não sei. "Dance bad", is what he says.
O tema do último vídeo foi Places. O próximo será People.

Ele vem a Lisboa. E convida-nos, a todos a vir.

O Matt a dançar



Ele diz assim:

I'll be dancing at 17:00 on June 7th, 2007. The location is the Praca de Espanha in Lisbon, Portugal.
We will be meeting at the bottom of the stairs and then hopefully filling the steps with people dancing badly.

Attached is a photo of the spot. Here's a link to the Google map:

tinyurl.com/2pm5xc

The last video was about places. This one is really about people. So I'm not too concerned about the background, I just want a place where we can gather peaceably and dance badly without getting arrested. I know you don't all live close to this location. We only have time for one dancing clip in Portugal and we hope to get a nice crowd, so we picked a spot that was accessible to as many people as possible.

Vinde, almas dançarinas, celebrar a nossa cidade.

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Verb TO DO

What a struggle...

sexta-feira, maio 25

Um dia será fácil


Alemão para ler.

Tantos livros com títulos interessantes...

... e eu sem poder desbravá-los.


Ah!

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quinta-feira, maio 24

a TVi..

5a-feira, hora de almoço. faço zapping pelos canais, e detenho-me - ao contrário do que é usual - na TVi, onde passa um qualquer programa de início de tarde apresentado por júlia pinheiro. o assunto em discussão é a bárbara agressão de que foi vítima um jovem actor da estação, e que a mesma estação tão bem sabe capitalizar. e eu ali, especado, contribuindo para a conversão de um drama pessoal em audiências. adiante..entre os convidados encontra-se uma igualmente jovem colega do agredido, que, questionada pela anfitriã acerca da importância e dos riscos do consumo excessivo de álcool nas saídas à noite, se sai com a seguinte afirmação: «eu penso que devemos educar os nossos filhos para que façam um consumo regular de álcool». o meu cérebro pára durante brevíssimos instantes, e quase ouço os neurónios a fundir. bem sei que regular significa, antes de mais, conforme as regras, e que pode perfeitamente tomar o sentido de moderado, equilibrado. mas relembro que se trata de um programa pós-prandial, e que os telespectadores estarão certamente mais concentrados na digestão da comida do que das palavras. sendo o adjectivo regular mais comummente empregue com a acepção de habitual ou frequente, não terão as pessoas lá em casa acabado de ouvir dizer que o melhor que podem fazer para evitar problemas de monta é incentivar os filhos a beber álcool com regularidade? não quero subestimar a sensatez deste povo, mas desde que soube que para muita gente uma relação sexual protegida corresponde a calçar as meias antes de voltar a pôr os pés no chão..já não me fio! é, no entanto, júlia pinheiro quem me ajuda a recordar o motivo pelo qual não suporto o canal 4 - referindo-se à sua idade, a apresentadora afirma que já é profeta (provecta). já é profeta..do apocalipse linguístico, só se for!

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13 [do azar]

Foi a bonita J. que me deu a notícia: já saiu o des1biga. Após esta longa espera, temos uma capa amarela. Há quem diga que este número está muito bom, e eu concordo. Aguardamos o feedback dos leitores, por aqui.

Mais uma vez, obrigada S. E a todos os outros que colaboraram, e mais ainda aos que quiserem dar continuidade a um projecto que volta e meia parece estar à beira de ir desta para melhor.

os dois compinchas..

cartune de gonçalo viana na visão da passada 5a-feira..

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quarta-feira, maio 23

«Sabes o que se passa na FML?»

Há certas coisas que entristecem, mas são dignas de nota. «Sabes o que se passa na FML?» é o que se lê na fronte de um panfleto que a malta tem andado a distribuir lá na escola nos últimos dias. As letras do interior são pequeninas e o conteúdo parece ser maçador. Mas uma pessoa lê as primeiras frases e entusiasma-se. «Nós, os alunos, razão de ser da faculdade, tivemos nesta votação um papel fundamental, ainda que o resultado ainda não tenha sido motivado apenas pelos votos dos nossos representantes.» Como sabem os interessados, isto é acerca da reprovação da única candidatura apresentada para o cargo de Director da FML, explicando os porquês da raposa ao (I.N.I.C.I.A.I.S. C.E.N.S.U.R.A.D.A.S.), com um breve interlúdio sobre o desempenho do Presidente da Mesa de Assembleia de Representantes, que se quer imparcial e atento às vontades da maioria. Ora, como as letras do interior são pequeninas e o conteúdo parece ser maçador, a malta afixou uma versão em formato maior pelos painéis da escola, que podem demorar um bocadinho a ler mas estão cheias de boas intenções.
Eu ia a subir as escadas, aquelas que terminam nos suportes de revistas que ultimamente têm estado sobrecarregados com a Maxmen - que desta forma desleal afirma a sua concorrência ao des1biga. Ora, está lá afixado um exemplar dessa versão em formato para míopes. E alguém escreveu por cima uma obscenidade, a esferográfica, que por sinal falhou a meio - a propósito, já deviam saber isto, as esferográficas não funcionam na horizontal. Se foi o (I.N.I.C.I.A.I.S. C.E.N.S.U.R.A.D.A.S.), um aluno menos iluminado ou um fugitivo da psiquiatria, eu não sei. Pode muito bem ter sido o (I.N.I.C.I.A.I.S. C.E.N.S.U.R.A.D.A.S.), ou quiçá o (I.N.I.C.I.A.I.S. C.E.N.S.U.R.A.D.A.S.).
Pois dizia assim, com as letras todas, embora as do fim não fossem muito perceptíveis: BADAM*RDA POLÍTICA. Há certas coisas que entristecem, mas são dignas de nota.
___
P.S. - É assim. As iniciais estão censuradas porque alguém me alertou para o facto de, nos tempos que correm, um tipo poder ser despedido do estabelecimento de ensino onde tenta desempenhar as suas funções, assim sem mais nem menos, por coisas como esta. Enfim, todo o cuidado é pouco. Obrigada, M.! Assim não levo a raposa para casa este ano por desafio à autoridade.

terça-feira, maio 22

des1biga Adolescente

Há muito que ando a congeminar este texto, sem nunca o redigir. Há muito, e sempre que a ocasião parece determinar a necessidade de uma auto-explicação. É mais ou menos como, durante a construção da identidade, a necessidade de afirmar e justificar atitudes ou gestos de que só então tomamos consciência. Há muito que ando a congeminar este texto, e ainda não é desta.
Quem acompanhou o des1biga na construção da sua identidade – o que não foi um processo sem tropeções, e muito menos contínuo – terá notado as mudanças. Começou por ser uma espécie de atelier de escrita criativa, sem propósitos sociais nem vislumbres políticos, um espaço de opinião, o painel de cortiça na sala de aula. O que se passou entretanto foi certamente consequência do eterno devir. Mudaram-se os tempos, mudou-se a redacção e mudaram-se as vontades. E, se alguns leitores, particularmente deste suporte – o blog impulsionado pelo A. e pelo G. – se manifestam revoltosos contra as nossas expressões recorrentes de identidade política, o des1biga pretende continuar a ser o atelier de escrita criativa, o espaço de opinião, o painel de cortiça na sala de aula. Quero dizer, também queremos ser o rastilho de mundividências apaixonadas contrárias às nossas, o que importa é que se discuta.
E parece que o número 13 vai finalmente aparecer por aí. Suponho que agradecemos colectivamente ao S., que teve a paciência de fazer e refazer e refazer e refazer o que no resultado final até nos vai parecer simples. A propósito da construção da identidade, e apesar de ainda não ter o Movimentos na mão, a nossa revista cada vez me parece fazer mais sentido. Aos revoltosos, que nela busquem explicações.
E todos os que estiverem interessados em escrever para o des1biga, façam-no para des1biga@gmail.com . Agora sim, podemos começar a pensar no número 14. Uma nota especial para os habitués.

segunda-feira, maio 21

Sérgio Godinho em LIGAÇÃO DIRECTA e Os Amigos do Gaspar em DVD

segundo palavras do próprio sérgio godinho, proferidas no magnífico concerto que deu no passado sábado no teatro maria matos, a série infantil os amigos do gaspar1 irá ser editada em dvd num futuro próximo. a audiência - na qual eu me encontrava (cof, cof) - foi ainda brindada com o tema é tão bom, que surgiu de cara lavada e com novo fôlego, de resto à semelhança do que sucedeu com todas as canções vintage nessa noite revisitadas (excepção feita a é terça-feira, interpretada pelo cantor a solo, de guitarra a tiracolo). é de tal forma fascinante o resultado desse processo de actualização 2 - ou modernização, se preferirem - das músicas mais antigas, em novos arranjos e sonoridades, que sou levado a deixar aqui um apelo: que o sérgio godinho e os assessores gravem de novo a discografia do autor, ou, pelo menos, uma colectânea com as melhores faixas de cada álbum! sim, o irmão do meio (2003) serviu em parte esse propósito, é certo. mas há muito mais para além dos clássicos, e preciosidades como o rei vai nu não merecem ficar ganhando pó no baú do tempo, quando as suas novas versões são tão, tão boas! destaque ainda para a canção liberdade, intemporal na sua mensagem, e com ímpeto reforçado pela energia com que foi tocada. sérgio godinho (em) ligação directa foi, sem dúvida, uma experiência revigorante..

1 - para quem já não se lembra ou nunca viu (que é o meu caso), aqui fica um excerto de um dos episódios d'os amigos do gaspar, em que entra a sui generis personagem do guarda serôdio. é curioso como a bonecada fala toda com sotaque do nuorte..




2 - só para que possam ter uma ideia daquilo a que me refiro, deixo-vos a nova versão da canção o primeiro gomo da tangerina. dêem um desconto à voz do sérgio, que nesta interpretação não está grande espingarda..


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quinta-feira, maio 17

Universidade de Coimbra: mais violências das praxes!

Começou por ser mais um caso público de praxe violenta. No dia seguinte passou a dois. No primeiro caso, um jovem estudante viu-se "imobilizado por colegas mais velhos e alguns começaram a rapar-lhe os pêlos púbicos com uma lâmina de barbear" do que "resultou o rompimento de parte do escroto do caloiro", segundo conta um jornal diário. O outro "para além de unhas negras, resultantes de apanhar com uma colher de pau" sofreu cortes no couro cabeludo com uma tesoura enquanto lhe cortavam o cabelo, segundo outro jornal diário regional. Um apresentou queixa ao Conselho de Veteranos (CV), o outro, junto das autoridades policiais.

José Luís Jesus, dotado do "nobre título" dux veteranorum da Universidade de Coimbra, garante-nos que os agressores "estão devidamente identificados"; que ainda "esta semana serão feitas todas as averiguações"; e que caso tenha havido abusos "o CV vai até às últimas consequências". Além de se fazer passar por uma autoridade para tratar o que as leis normais, iguais para toda a gente, deveriam resolver, este estudante acrescentou ainda, em declarações mais recentes: "já sabemos que é tudo mentira! Se o estudante tem um rompimento no escroto, foi porque fez outra coisa qualquer!" Parece incrível, mas é verdade: as "leis" da praxe são feitas para proteger e fomentar a barbaridade e não precisam de grandes averiguações para "julgar" e tomar as suas "decisões".

Surge então uma pergunta: Que entidade é esta, o "CV", e as pessoas que o constituem, os "duces", que se auto reveste do poder de identificar, averiguar, julgar e condenar situações nas quais não esteve directamente envolvida? O Estado reconhece-lhe esse direito?

É inaceitável que se pense que as pessoas que praticam as praxes podem ser as mesmas a fiscalizar os actos por si praticados, e ainda para mais consideradas idóneas. Como se pertencessem a uma instituição à parte, numa proposta de mundo à parte – a Universidade. É exactamente essa proposta de Universidade-fortaleza, fechada ao mundo, que recusamos.

A sociedade vai perdendo a ilusão de que as praxes não passam de um conjunto de brincadeiras menores e que até é normal que tenham instituições próprias que a regulem. Mas se por algum motivo não tivessem acontecido cortes no escroto ou no couro cabeludo, nódoas negras e hematomas, estes casos teriam sido notícia? O CV consideraria aquela praxe admissível?

O Conselho de Veteranos talvez responda sim a esta pergunta alegando, em defesa dos agressores, que o aluno aceitou ser praxado. E novas questões se colocam: em que condições aceitou ser praxado? Foi de livre e espontânea vontade que avançou para a praxe, com o conhecimento prévio do que lhe poderia acontecer? Não foi persuadido sob nenhuma forma, física ou psicológica (e o motivo da integração adapta-se perfeitamente a este tipo de persuasão) para se submeter à vontade dos praxantes?

Infelizmente, sabemos que a coragem de não aceitar e denunciar estas violências é quase sempre "premiada" com o abandono e a hostilização das vítimas e a cumplicidade com os agressores: o passado recente mostra-nos que os responsáveis pelas escolas e pelo ministério são os primeiros a contribuir para o clima do medo e da impunidade.

O Movimento Anti "Tradição Académica" não aceita esses poderes obscuros e sem qualquer legitimidade e considera que estes casos não são acontecimentos isolados mas que acontecem devido à própria natureza da praxe. Condenamos as violências inerentes às praxes quer se tornem em casos públicos ou não. Apelamos aos estudantes que rejeitem qualquer forma de praxe, bem como todas as imposições e os poderes absurdos de estudantes sobre estudantes disfarçadas de brincadeiras e "tradição". A lei da praxe não vale nada, nem pode sobrepor-se às leis do país e ao convívio entre estudantes sem imposições, sem chefes e sem violências.

Por último, mantemos a expectativa de que o Sr. Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Prof. Mariano Gago, mantenha o perfil de indignação que já demonstrou relativamente a situações semelhantes, esperando ainda pelo momento em que verdadeiramente coloque na agenda a reflexão e acção sobre este tema. Para ele, como para toda a comunidade escolar e sociedade em geral, desistir e abreviar responsabilidades seria uma atitude inaceitável. E speremos que, à semelhança do que aconteceu noutros casos como o de Ana Sofia Damião, não seja a própria instituição escolar a querer ocultar o que se passou para manter o bom nome da casa.



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M.A.T.A. - movimento anti "tradição académica"

terça-feira, maio 15

Nova Música Lusa.01 - BALLA

porque a música nacional não é só amália, marco paulo, quim barreiros e xutos&pontapés..


BALLA >> A GRANDE MENTIRA



o Armando Teixeira que não joga no Benfica já demonstrou em Le Jeu (2003) que está longe de ser petit em termos de talento musical. mas trocadilhos à parte, o projecto Balla é mesmo muito bom! e esta é uma verdade que A Grande Mentira (2006) só vem comprovar. segue-se o vídeo de O Fim da Luta, o primeiro single extraído deste terceiro álbum de pop electrónico em português - bom proveito!


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domingo, maio 13

NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI


Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakósvki.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo os teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz:
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a espetar-lhe as costelas
e o riso que nos mostra
é uma ténue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas no tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares,
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo.
Por temor, aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

EDUARDO ALVES DA COSTA
Niterói, RJ, 1936

sábado, maio 12

Soldados partem HOJE para missão de alto risco.

« Pandeiros rotos e coxas taças de cristal aos pés da muralha.
Heras como Romeus, Julietas as ameias. E o vento toca, em bandolins distantes, surdinas finas de princesas mortas.
Poeiras adormecidas, netas fidalgas de minuetes de mãos esguias e de cabeleiras embranquecidas.
(...)
Ouvem-se, na sala que já nem existe, compassos de danças e risinhos de sedas.
(...)
Noites de insónia com as galés no mar e a alma nas galés.
Archeiros amordaçados na noite em que o coche era de volta a palácio pela tapada d'El-rei. Grande caçada na floresta - galgos brancos e Amazonas negras. Cavaleiros vermelhos e trombetas de oiro no cimo dos outeiros em busca de dois que faltam.
(...)
O sapato d'Ela desatou-se nas areias, e foram calçá-lo nas furnas onde ninguém vê. Nas areias ficaram pegadas de um par que se beija.
Notícias da guerra - choros lá dentro, e crepes no brasão. Ardem círios, serpentinas. Há mãos postas entre as flores.
E a torre morena canta, molenga, doze vezes a mesma dor. »
Ruínas, Almada Negreiros

quinta-feira, maio 10

UNICAMENTE POR CAUSA DA DESORDEM CRESCENTE

Unicamente por causa da desordem crescente
Nas nossas cidades com as suas lutas de classes
Alguns de nós nestes anos decidimos
Não mais falar dos grandes portos, da neve nos telhados, das mulheres,
Do perfume das maçãs maduras na despensa, das impressões da carne,
De tudo o que faz o homem redondo e humano, mas
Falar só da desordem
E portanto, ser parciais, secos, enfronhados nos negócios
Da política, e no árido e «indigno» vocabulário
Da economia dialética,
Para que esta terrível pesada promiscuidade
Das quedas da neve (elas não são só frias, nós bem o sabemos),
Da exploração, da tentação da carne e da justiça de classes,
Não nos leve à aceitação deste mundo tão diverso
Nem ao prazer das contradições de uma vida tão sangrenta.

Vocês entendem.

Bertold Brecht

terça-feira, maio 8

Cadernos D. Quixote 32

"Em 1959 circulavam em Havana duzentos mil automóveis, havia ruas inteiras de magníficas lojas, que vendiam artigos de todo o mundo, quatro emissores de televisão, e estava prestes a televisão a cores. Mas isso acontecia apenas em Havana; o interior do país nada tinha a ver com esse tipo de desenvolvimento. Cuba era um país onde alguns órgãos tinham crescido desmedidamente num corpo que ficara anão.
As características de Cuba eram, pois a disformidade da sua economia, a presença duma classe média urbana e a miséria das massas camponesas nos campos. Quando a Revolução contra Batista começou, foi ajudada nas cidades pela classe média, enquanto nos campos tomava corpo, paralelamente, o lendário movimento de guerrilha de Fidel, com a incorporação progressiva de grupos camponeses no movimento revolucionário. Triunfámos então. Quando a Revolução triunfa torna-se inevitável o caminho para o socialismo."
in Cuba e o Socialismo (adaptado)

domingo, maio 6

Banksy


"Graffiti artist" diz ele. "Art terrorist" chamam-lhe outros.

O que Banksy faz é, sem dúvida, uma forma inteligente e criativa de arte de intervenção. Ironicamente, os seus trabalhos já foram vendidos por fortunas em leilão.

Stencil/graff na rua e colocação de objectos falsos em museus, à socapa, são alguns dos métodos para mudar consciências.